Neve, geada, ondas de calor e enchentes são alguns dos fenômenos presenciados por ele
Por Giordanna Vallejos
Nilson Wolff compareceu na redação do Jornal A Gazeta, com um sorriso amigável e olhos brilhantes, refletindo o profundo conhecimento que acumulou ao longo de 38 anos de dedicação à análise dos padrões climáticos. Entre fotografias antigas de enchentes, neves e geadas, Nilson nos guiou por meio de um intrincado mosaico de memórias climáticas, revelando o passado, o presente e as perspectivas futuras da cidade.
O encarregado da Estação de Meteorologia de Campo Bom aparece citado como fonte pela primeira vez na edição do dia 20 de agosto de 1986, em uma matéria do jornal sobre uma enchente na cidade, na qual choveu o record para a época, de 77,7mm em 12 horas. Depois disso, ele continuou aparecendo como referência em matérias sobre o clima, e segue sendo até a atualidade, registrando a maior enchente em 38 anos, com impressionantes 191.0 mm de chuva, em junho de 2023.
Conhecendo o passado para entender o futuro
O diálogo com Nilson começou com uma viagem na década de 80, quando a Estação de Meteorologia de Campo Bom foi inaugurada.”Hoje nós já temos 38 anos de história climática de Campo Bom graças a estação”, ressaltou com orgulho.
Com um conhecimento íntimo da região, Nilson pontuou como a coleta de dados meteorológicos ao longo dos anos permitiu que eles conhecessem a fundo a característica cíclica do clima da cidade. “A partir daí que se começou os registros”, disse, enquanto folheava álbuns repletos de fotografias e recortes de jornais que narravam eventos climáticos marcantes, especialmente as enchentes.
Ele rememorou com detalhes enchentes de agosto de 1985, de 2009 e outras que impactaram a cidade. “O clima é cíclico. O que já aconteceu uma vez se repete. Só que parece que quando repete é com maior agressividade. Estamos perdendo o equilíbrio climático”, disse com preocupação.
Campo Bom: terra de calor
Nilson ressaltou como a localização geográfica e a urbanização contribuem para Campo Bom ser uma das cidades mais quentes. “Em primeiro lugar, a gente já se situa em uma das regiões mais quentes do Estado. A encosta inferior do Nordeste. A característica fisiográfica da cidade propicia o aquecimento. Ou seja, é zona de baixada, rodeada de morros. Então, ao se instalar o ar quente por aqui, ocorre esse fenômeno”.
Ele também revelou como o calor também inspirou ideias criativas na cidade. Desde festivais de sorvete até a possibilidade de parques aquáticos, ele enfatizou como é possível explorar as características climáticas positivamente. “Você vê que em cima do calor podem surgir ideias de explorar o calor na cidade. Com criatividade. Isso é interessante”, disse, com um sorriso.
Voluntário desde 2016
Questionado sobre o que mais o fascina no seu trabalho, Nilson não hesitou em responder: “A neve”. “A neve que caiu em Campo Bom em 2006 foi um dos fenômenos mais marcantes, porque, como é conhecida a cidade, uma das mais quentes do Estado, já nevou em Campo Bom”. Com a Estação de Meteorologia de Campo Bom como ponto de partida, Nilson continuará a registrar e reportar informações, que poderão ser acessadas pelas futuras gerações.