Veja mais sobre a jornada singular de “Boizinho”, através do relato de suas memórias e vivências
Ildo Lampert, aos seus 92 anos, recorda suas memórias mais especiais. Ele nasceu em Taquara, mas veio morar em Campo Bom com o pai, alfaiate, com apenas três anos de idade.
Sua vida percorreu os passos dos bois dos carreteiros, até a corrida nos campos verdejantes de futebol.
Um apelido que virou identidade
No vibrante emaranhado de lembranças que compõem a história de Ildo Lampert, um apelido desponta como uma marca inconfundível. Boizinho. Um apelido que ecoa desde os seus tempos de menino, evocando uma época de desafios e superações.
Na infância marcada pela adversidade da saúde dos pais, que levou Ildo a ser criado mais pelo avô, fez com que o apelido surgisse. “O meu avô era carreteiro, mas naquela época as mercadorias vinham todas de trem e daí os carreteiros levavam para os armazéns. De manhã, eu ia à aula e de tarde eu sempre carreteava, com meu avô, sentava do lado dele. Foi aí que surgiu o apelido, que sou conhecido até hoje”, disse ele.
Raízes em Campo Bom
Entre as brumas do tempo, as raízes de Ildo Lampert mergulham profundamente em Campo Bom. Embora tenha nascido em Taquara, foi nesta cidade que ele fincou suas bases, desde os tenros anos de infância.
Reminiscências de uma época onde a simplicidade ditava o ritmo da vida, onde o jovem Ildo se via entre os bancos escolares e o trabalho como ajudante de carreteiro, moldando seu caráter com a têmpera da determinação.
O ofício no calçado e as voltas da vida
Longe dos gramados, Ildo trilhou sua jornada profissional como sapateiro, na expedição de fábricas renomadas. Uma carreira marcada pela dedicação e pelo labor incansável, que o viu passar por diferentes desafios e transformações no mundo do trabalho. “Trabalhei 50 anos, bem certinho”, relembra, traçando um arco temporal de conquistas e aprendizados.
Paixão nas quatro linhas
Mas foi nos campos de futebol que seu nome ecoou com mais vigor. Ildo viveu a glória e a paixão do esporte no Clube 15 de Novembro. Desde os dias na categoria de base até os embates nos veteranos, sua trajetória revela não só habilidade com a bola nos pés, mas também a força de um espírito incansável.
“Me criei no campo do Clube 15 de Novembro, o pai morava do lado. Eu até joguei nos filhotes, como chamava antigamente, os juvenis. Depois, quando eu tinha mais de uma pouquinha idade, eu passei para o segundo quadro, tinha um segundo quadro antigamente. Depois, o primeiro quadro e depois nos veteranos, ainda joguei. Passei mais de vinte anos dentro do campo do 15 de Novembro. A minha posição era meia esquerda, meia ligação. Mas eu comecei como ponta esquerda”, afirma, com orgulho.
Ildo compartilha uma memória dos tempos de futebol. “O 15 estava numa situação ruim. Jogamos em Estância Velha e o resultado certo seria de perder ou empatar. E por azar, eu fiz um gol, no segundo tempo, de fora da área. Depois no fim da história, esse gol ajudou quem ficou campeão ainda naquela época. Sei que se ganhássemos, o outro time ia entregar os pontos um para o outro. E no fim deu certo, aquele gol, só não me lembro qual é o ano que foi, mas aquele gol ajudou”.
Um legado de memórias
Ao folhear as páginas amareladas de um álbum de recordações, Ildo Lampert compartilha não apenas suas próprias memórias, mas um pedaço da história de Campo Bom. Entre os retratos em preto e branco, as notícias recortadas e os rostos que já se foram, emerge uma narrativa vívida e comovente, tecida com fios de nostalgia e saudade. “É um diário de uma vida”, reflete Ildo, contemplando o legado que deixou para as gerações futuras.
A história de Ildo Lampert é mais do que um relato pessoal; é um testemunho da resiliência humana, da paixão pelos pequenos prazeres da vida e do poder das lembranças para unir gerações. Em cada palavra, em cada imagem, ressoa a voz de um homem que viveu intensamente, deixando um legado de histórias que transcende o tempo. Em meio às vicissitudes da vida, Ildo permanece como um farol de inspiração, iluminando os corações daqueles que têm o privilégio de ouvir suas palavras.