Quem são os moradores em situação de rua de Campo Bom? Por que eles moram na rua? Eles recebem ajuda de alguém? Por qual motivo eles foram parar e por qual motivo eles não saem das ruas?
Essas foram algumas das perguntas iniciais que motivaram a turma 92, nono ano, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santos Dumont, a fazer um estudo mais aprofundado sobre o tema.
Os 29 alunos, coordenados pelas professoras de Português e Música, Tânia Salete Bautz e Bianca Giovanella Santanna, respectivamente, partiram, primeiramente, para uma busca de informações em sites. Depois, o educador social Valter Xereta, do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), foi até a Emef ter um bate-papo com os alunos. Depois, houve uma pesquisa de campo, para saber qual é a visão que a comunidade escolar tem em relação aos moradores em situação de rua. Por último, os alunos pensaram em quais ações poderiam realizar para ajudar essa população. Assim, produziram cartazes e panfletos para conscientizar a comunidade campo-bonense. Além disso, eles arrecadaram produtos de higiene que serão levados ao Creas para doação.
“A escolha do tema foi feita pelos alunos sem a minha sugestão. Eles tiveram total liberdade para mostrar interesse no que gostariam de pesquisar”, comenta a professora de Português, Tânia, que lembra que, no início, ficou um pouco apreensiva, pois não haviam muitas fontes para pesquisa, “mas depois percebi a importância social de abordar esse tema uma vez que esta realidade não faz parte do cotidiano dos alunos. Descobrimos muitas coisas interessantes que quebraram paradigmas. Eu mesmo me surpreendi com os resultados que obtivemos”, destaca.
Confira o resultado do estudo
O sonho de ter um lar para morar com sua família faz parte da vida de muitas pessoas. Isso significa ter segurança e vida digna, porém, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa não é a realidade para mais de 222 mil brasileiros. A população em situação de rua cresceu 140% desde 2012, e a propagação do novo coronavírus aumenta a vulnerabilidade desse grupo social e exige atuação mais intensa do poder público.
Mas, além da crise epidêmica mundial, que outros motivos levariam tantas pessoas a se encontrarem nessa situação? Se o crescimento dessa população vem aumentando desde 2012, quais seriam os motivos? Por que é tão difícil resolver esse problema social que afeta tantos brasileiros? Esses questionamentos impulsionam e motivam a turma 92 a pesquisar esse tema. O que há por trás dessa crise habitacional? O que os moradores em situação de rua têm a dizer sobre suas condições? Por que a maioria não consegue sair dessa situação?
Antigamente, raramente, encontrava-se um morador em situação de rua em Campo Bom. Que ações o Poder Público Municipal vem fazendo para auxiliar essa população? Os questionamentos são muitos e o objetivo da pesquisa era descobrir quem são e qual é o perfil dessa população em nossa cidade. Saber por que estão nesta situação, se as causas são financeiras, problemas com vícios, drogas, alcoolismo ou atritos familiares.
É preciso compreender por que, em nossa cidade, também há vários moradores em situação de rua para que possamos, assim, buscar alternativas de soluções, pois conhecendo o cenário atual dessas pessoas, saberemos como a população campo-bonense pode contribuir para tornar mais digna a vida delas.
Ao pesquisar e discutir este tema, a turma percebeu que os moradores de rua estão à margem da sociedade, muitos não conseguem mais se inserir no mercado de trabalho, pois não têm escolaridade suficiente. Então uma alternativa seria que essa população seja amparada pelos órgãos públicos e pela população em geral. Em Campo Bom, o Creas já vem realizando um trabalho de atendimento aos moradores de rua e há uma mobilização para a criação de um albergue, mas, para isso é necessário verba federal. A palestra que o educador social Valter Marciano dos Santos Chereta fez na turma foi muito importante para sanar as dúvidas que havia sobre esse tema.
Em relação a invisibilidade dessa população, para o morador de rua, isso é uma ofensa, pois fere a sua dignidade. Nenhum ser humano deve ser invisibilizado na sociedade, porque todas as pessoas importam. Todas as vidas têm valor. Por isso, não se deve julgar ou ter preconceitos em relação a eles. É necessário empatia, solidariedade, fraternidade e respeito, pois o princípio da igualdade garante que todos devam ser considerados cidadãos mesmo estando em condições econômicas ou sociais distintas.
Por isso, devemos ser empáticos e não julgar quem vive nas ruas.