Angélica Spengler transforma conhecimento técnico em fotografia para restaurar lembranças afetadas pelas enchentes
Ao ver a devastação causada pelas enchentes em Campo Bom, a fotógrafa Angélica Spengler, de 29 anos, decidiu usar seu conhecimento para ajudar de uma maneira única. “No dia 06 de maio eu publiquei, despretensiosamente, um vídeo de uma outra fotógrafa explicando como salvar fotografias afetadas pela enchente e acabei recebendo bastante retorno através dessa publicação”, conta. Este pequeno gesto evoluiu para uma ação voluntária que já resgatou cerca de 1.500 fotografias de três famílias.
A iniciativa de Angélica não só proporcionou um alívio emocional para as vítimas, mas também trouxe uma nova dimensão ao seu trabalho. “Apesar de já ter uma longa estrada na fotografia, esse tipo de conteúdo a gente não encontra em faculdade e nem em cursos por aí. Vale ressaltar que não estou reconstruindo essas fotografias, mas sim tentando uma restauração, através da limpeza e secagem “, ela explica. Angélica agora dedica todo o seu tempo livre à restauração dessas preciosas memórias.
Angélica Spengler é fotógrafa há 10 anos. Formada em fotografia pela Universidade Feevale.
Desde quando iniciou essa ação e o que te motivou a isso?
“Com o passar dos dias, atuando como voluntária em diversas frentes (montagem de kits de limpeza, de cestas básicas e até mesmo limpando casas), eu pude perceber tudo o que eu estava conseguindo fazer como ser humano. Mas eu senti que precisava ir além. Queria, de alguma forma, usar o meu conhecimento em fotografia para ajudar essas pessoas. Foi então que, depois de ter visto muitas pessoas lamentando a perda de fotografias antigas, eu decidi me aprofundar em como ajudar a salvar essas memórias. Conversei com colegas de profissão e fiz algumas pesquisas de como eu poderia fazer esse serviço. No dia 15/05, eu gravei um vídeo e postei no meu Instagram, me disponibilizando a ajudar essas pessoas. Não demorou muito e começaram a surgir pedidos, inclusive de outros municípios”.
Teve bastante procura? Em média, quantas fotos já salvou até agora?
Estou tendo bastante procura. Tanto que precisei deixar outras frentes do voluntariado de lado para me dedicar somente a essa. Já faz mais de uma semana que, todos os dias, ao chegar do trabalho, uso o restante do meu tempo livre para tentar salvar essas memórias. Memórias de pessoas que não conheço, de histórias que não vivi, mas que tenho certeza que quero ajudar a recuperar. Por ser um trabalho minucioso, que exige tempo e cuidado, até o momento atendi três famílias, em média de 1.500 fotografias, manuseadas uma a uma.
Caso queira fazer em casa, a fotógrafa sugere o passo a passo a seguir:
1) Antes de tudo, coloque luvas e máscaras para evitar contaminações através da lama trazida pela enchente. Então, tente separar as fotografias, uma por uma. Não manuseie elas de forma brusca. Tente tirá-las de uma forma delicada dos álbuns (nesse caso dê preferência por salvar as fotografias e não os álbuns). Se puder, use uma tesoura ou um estilete para retirar as fotos do álbum.
2) Caso as fotos estejam grudadas, tente separá-las de forma delicada, na água corrente sem muita pressão. Outra opção é fazer este processo dentro de uma bacia de água. Sempre na água fria.
3) Feito isso, as fotos podem ser estendidas ou apoiadas em um varal. Não exponha-as diretamente ao sol, opte por secá-las na sombra e em local arejado. Deixe-as de um dia para o outro ou até sentir que estão secas.
4) Na hora de recolher, tenha cuidado ao tirar o prendedor, pois em alguns casos eles se grudam nas fotografias.
Dicas extra:
- – Pegue-as sempre pelas pontas;
- – Não esfregue nem passe a mão por cima das fotografias molhadas;
- – Se utilizar secador na secagem, nunca utilize o ar no quente.
Contato para dúvidas
Caso tenha alguma dúvida sobre o processo, a fotógrafa disponibiliza o contato através do Instagram
@angelicaspenglerfotografias