No Outubro Rosa, AG vai apresentar série especial de reportagens: Matérias vão estar presentes em três edições deste mês, alertando sobre a importância da prevenção do câncer de mama
Alterações na cor e na textura da pele das mamas, coceira, ardência e dor na região, entre outros sinais facilmente perceptíveis, podem ser sintomas de câncer de mama, uma das patologias que mais acometem mulheres no Brasil e no mundo. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença responde por aproximadamente 28% dos novos casos a cada ano. Relativamente raro antes dos 35 anos, mas com alta progressiva nos índices, especialmente após os 50 anos, esse tumor, quando descoberto no estágio inicial, pode ser tratado com sucesso em mais de 90% das pacientes. Já nos casos mais avançados, descobertos no estágio três ou quatro, a taxa de cura pode ser menor que 20%.
Além disso, quando o tumor é descoberto precocemente, permite a sugestão de um protocolo mais conservador, tanto em relação à preservação da mama, com cirurgias menos mutilantes, quanto no que se refere aos tratamentos sistêmicos. No tratamento de tumores iniciais, nem sempre a quimioterapia é necessária. Entre os exames de imagem que sucedem a análise física, a mamografia é o principal método para o diagnóstico do câncer de mama, pois identifica lesões muito pequenas — inclusive as não palpáveis, ou seja, aquelas que não podem ser identificadas durante o exame clínico.
Em Campo Bom a palavra chave quando falamos sobre câncer de mama é rastreio. O rastreamento consiste na realização de exames em pessoas sem sintomas, integrantes de determinados grupos populacionais nos quais a incidência de câncer é mais alta. “Seu objetivo é identificar a possibilidade de existência de tumores em estágios iniciais, com chance de acesso mais rápido ao tratamento, reduzindo a mortalidade e melhorando a qualidade de vida das pacientes”, pontua Vanessa Paez Flores, coordenadora do Centro Materno Infantil (CMI), responsável pelo acompanhamento de todos os diagnósticos no município, que completa “normalmente, o exame realizado nessa fase detecta, casos presentes, alterações que podem indicar o câncer, sendo necessário, posteriormente, realizar outros procedimentos confirmatórios para se ter o diagnóstico definitivo. Esses exames adicionais já não são considerados de rastreamento e sim de diagnóstico”.
Estratégias de Rastreamento
O rastreamento pode ser classificado como oportunístico ou organizado. O primeiro ocorre quando a pessoa busca um serviço de saúde por algum outro motivo e o médico aproveita a oportunidade para solicitar exames para rastrear uma doença ou fator de risco. Já o segundo ocorre quando são definidos programas, como o que acontece em Campo Bom, para investigação sobre grupos populacionais, focados em detectar doenças antes que os sintomas se manifestem. Neste aspecto, os Agentes de Saúde da Família desempenham uma função essencial. “Todos os profissionais são treinados para atuar na prevenção e diagnóstico precoce. E como os Agentes estão em contato direto diariamente com as famílias o papel deles de conscientização e encaminhamento é fundamental”, revela.
400 mamografias por mês
Atualmente, de acordo com informações solicitadas pelo AG, são realizadas mensamente 400 mamografias em Campo Bom, todas elas passam pelo CMI onde é feita a análise e classificação de risco de cada paciente. “Esse trabalho é minucioso, todos os aspectos são observados para melhor encaminhamento das pacientes. Havendo alterações na mamografia nós mesmos agendamos a consulta com a mastologista e entramos em contato com a paciente informando a data da mesma. Agilizando o atendimento e posteriormente o tratamento”, explica Vanessa.
A lei nº 12.732 delimita o prazo máximo de 60 dias para o início do tratamento de pacientes da oncologia no Sistema Único de Saúde (SUS). Mas para as moradoras de Campo Bom, Estância Velha, Dois Irmãos, Ivoti e Novo Hamburgo, a espera tem sido bem mais longa. Os municípios têm como referência em oncologia o Hospital Regina, situado em Novo Hamburgo, mas as 90 vagas gerais para primeiro atendimento já não suprem a demanda da região e a espera hoje pode chegar a 150 dias. Fator que atrasa e atrapalha o início do tratamento. “Essa é uma grande falha a qual o município não tem como interceder e solucionar. A demanda vem em uma crescente, ano após ano, e o Ministério da Saúde não está conseguindo dar o suporte necessário”, comenta Vanessa.