Junho é o mês de consciência sobre o Lipedema. A massoterapeuta Ádila Muniz, há quatro anos estuda intensamente essa doença pouco conhecida, mas devastadora. “Quando falamos sobre Lipedema, estamos falando de uma doença crônica que acomete principalmente as mulheres, caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura nos quadris, pernas e, às vezes, nos braços,” explica Ádila. Essa gordura se deposita de maneira desigual, poupando as extremidades, como pés, mãos e tronco, e é bilateral, ou seja, afeta ambos os lados do corpo igualmente.
Diferente da obesidade comum, o Lipedema envolve um tecido adiposo diferente, acompanhado de tecido fibroso, causando inflamação e dor. “A mulher com Lipedema sente que tem dois corpos: magra da cintura para cima e com pernas desproporcionalmente gordas,” observa Ádila. Essa condição não apenas causa desconforto físico, mas também sérias implicações emocionais e de mobilidade se não tratada adequadamente.
A massoterapia
Ádila destaca que, embora o Lipedema não tenha cura, há tratamentos que podem melhorar significativamente a qualidade de vida das pacientes. A massoterapia se destaca como uma das opções mais eficazes. “Procedimentos como drenagem linfática manual, laser de baixa potência e terapia manual ajudam a reduzir a inflamação, melhorar a circulação e aliviar a dor,” diz ela.
Jennifer Pereira Figueiró, uma quiropraxista diagnosticada com Lipedema, confirma os benefícios da massoterapia. “Desde que comecei o tratamento com massoterapia, minhas dores nas pernas diminuíram e o inchaço reduziu significativamente,” relata Jennifer. Antes de seu diagnóstico, Jennifer passou anos tratando apenas a obesidade, sem saber que sofria de uma doença inflamatória crônica.
O diagnóstico
Jennifer descobriu seu Lipedema por acaso, após uma consulta com uma nutricionista. “Ela me perguntou se eu já tinha ouvido falar sobre Lipedema. Quando disse que não, ela explicou que suspeitava pela aparência das minhas pernas. Fui pesquisar e fiquei chocada,” lembra Jennifer. Esse momento de descoberta foi tanto um alívio quanto um choque, revelando a razão por trás de anos de luta contra um corpo que parecia não responder às dietas e exercícios tradicionais.
Viver com Lipedema é um desafio constante. “Só quem tem Lipedema sabe a dor que sentimos diariamente. Pernas pesadas, muitas vezes inchadas e doloridas,” compartilha Jennifer. Além da dor física, há o desafio de controlar os fatores que agravam a inflamação, como estresse e alimentação inadequada.
A conscientização
Ádila e Jennifer concordam que a conscientização sobre o Lipedema é crucial. “Muitas mulheres sofrem sem saber o que têm ou como tratar,” diz Jennifer. Ela acredita que aumentar o conhecimento sobre a doença pode ajudar muitas a obter o diagnóstico e tratamento corretos, melhorando significativamente sua qualidade de vida.
Para aquelas que suspeitam ter Lipedema, Ádila recomenda observar sinais específicos: dor nas pernas ao toque, inchaço, desproporção corporal, hematomas inexplicáveis, e dificuldade extrema de emagrecer nas áreas afetadas. “Se você notar esses sinais, procure um profissional especializado,” aconselha ela.
O tratamento
O tratamento do Lipedema é multifacetado e contínuo. “Saber que o tratamento conservador é para a vida toda é fundamental,” diz Ádila. Isso inclui uma dieta anti-inflamatória, exercícios físicos, drenagem linfática manual e compressão elástica. Em alguns casos, o tratamento cirúrgico pode ser considerado, mas deve ser seguido de um rigoroso regime conservador.
O Lipedema pode acometer diferentes áreas do corpo, desde o umbigo até os tornozelos e braços, com a severidade variando de paciente para paciente.
Uma mensagem de esperança
Ádila e Jennifer esperam que mais pessoas aprendam sobre o Lipedema e que mais profissionais de saúde se especializem no diagnóstico e tratamento dessa doença. “Mais mulheres precisam ser diagnosticadas e tratadas corretamente para melhorar sua qualidade de vida,” conclui Ádila.
O Lipedema não é uma sentença de dor eterna, mas uma condição que pode ser gerenciada com o tratamento adequado. E, acima de tudo, é essencial que a sociedade compreenda e apoie aquelas que lutam contra essa doença.