Campo Bom se despediu de Evaldo Dreger, na quarta-feira, 5, em velório na Câmara de Vereadores. O empresário e político faleceu aos 96 anos na madrugada de quarta-feira em Novo Hamburgo. Ele estava internado desde 17 de julho no Hospital da Unimed em virtude de um câncer.
Seu Evaldo, como era carinhosamente conhecido, foi um expoente da política campo-bonense tanto no movimento emancipacionista como também no comprometimento para o desenvolvimento da cidade atuando na política por mais de sessenta anos. Foi eleito pela primeira vez como vice-prefeito de Campo Bom em 1959, período em que atuou ao lado de Adriano Dias. Em 1964 foi eleito prefeito do município, permanecendo no cargo até 1968. Sócio fundador do Rotary Club Campo Bom, era membro atuante da entidade. Como desportista, representou o Clube 15 de Novembro no futebol, bolão e tiro esportivo. Em nota, o prefeito Luciano Orsi lamentou a morte de Evaldo Dreger e decretou luto oficial de três dias no município. “Além de uma pessoa muito conhecida, foi um prefeito que deixou sua marca de contribuição pelo desenvolvimento da cidade, com um espírito jovem e à frente de seu tempo. Mesmo afastado da política, continuou sendo um cidadão comprometido, uma pessoa envolvida com os assuntos comunitários, sempre atento à cidade”, afirmou o prefeito Luciano Orsi. A Câmara de Vereadores e o Partido Progressista, no qual Evaldo era filiado, também emitiram nota de pesar.
Além de político, Dreger era sócio fundador de uma imobiliária que levava seu sobrenome. Dreger deixa uma filha, dois netos e duas bisnetas. Por meios das redes sociais, o neto Fabiano Senger lamentou a morte do avô. “A vida aqui neste plano terreno é rápida e passageira, mas nunca queremos perder daqui quem amamos. Preciso agradecer a Deus a oportunidade de ter convivido com Seu Evaldo Dreger. O que nos ligava vai muito além do sangue. Nossa relação era de companheirismo e amizade”.
Trajetória
À frente da administração municipal, Dreger foi o idealizador de grandes obras como a construção da ponte sobre o Rio dos Sinos, mais conhecida como Ponte da Barrinha. A inauguração da Hidráulica Campo Bom, que permitiu o acesso à água potável em todas as residências do município, a iluminação no bairro Mônaco e a instalação da Prefeitura no prédio da antiga Estação Férrea (atual Espaço de Cultura Dr. Liberato).
Um cidadão do mundo. Do nosso mundo – Por Mauri Spengler
“Seu Evaldo filosofava sobre a vida. Isso era mágico e maravilhoso para mim. Vai em paz, meu avô, palestrar e filosofar no Céu. Muito obrigado por tudo, lindo. Te amo. Jamais vou te esquecer.” Isto foi postado nas redes sociais pelo neto do seu Evaldo, Fabiano Senger, e me aproprio desta frase, como uma espécie de ajuda para iniciar este texto, pois escolhi como sendo uma das mais belas, puras e verdadeiras demonstrações de amor entre as tantas que li. Tal qual o Fabiano, medindo-se as devidas proporções eu também me sinto muito emocionado. Porém, é preciso dizer que, muito antes da tristeza que insiste em invadir nossos corações e nossas almas devemos ser agradecidos, por convivermos no mesmo tempo do seu Evaldo e ricos somos em tê-lo conhecido.
Certa ocasião escrevi que, enquanto nós tivermos cidadãos como o seu Evaldo, seu Ernani, seu Armim (e citei também outros tantos nomes), os outros municípios poderiam fazer o que quisessem, inclusive copiar aquilo que fazíamos, como a nossa Festa do Sapato, que eles jamais chegariam perto de Campo Bom, que nós sempre seríamos os melhores, como, modestamente continuamos sendo. Lembro, á época que o seu Evaldo veio conversar comigo para me agradecer e, com aquele seu sorriso “debochado” e sem um pingo de modéstia me disse, “viu ó, gostei do que escreveu”.
Ah, eu teria tanto para falar deste cidadão. Foram tantas passagens, conversas, debates, concordâncias e discordâncias que não caberia em uma coluna, nem mesmo em um livro, tudo, mas tudo mesmo era muito pouco em se tratando do seu Evaldo. Houve um tempo que a nossa cidade passou a ser chamada e conhecida como “Pequeno Gigante”. Certamente um dos motivos era para dar ainda mais lugar para que homens como o seu Evaldo pudessem ocupar. Em janeiro de 2018 fiz uma matéria especial com o seu Evaldo, ocasião em que lembramos os 50 anos de suas principais obras realizadas no ano de 1968 quando era prefeito.
Poucos, raríssimos ex-prefeitos conseguiram comemorar este feito, o seu Evaldo conseguiu. E, eu tive a graça e a honra de contar esta história. Ele era ou não era um Gigante? Sim, era um gigante. O seu Evaldo era um cidadão do mundo, do nosso mundo, do mundo de Campo Bom. Vá em paz meu velho amigo…
Homenagens
“Seu Evaldo Dreger foi uma das maiores lideranças e um dos maiores amores que Campo Bom já teve. Ele dedicou a vida a trabalhar e contribuir para o desenvolvimento da cidade, tanto que a história do município está ligada diretamente a ele, uma das lideranças emancipacionistas. Nossa cidade não será a mesma sem Seu Evaldo. Porém, acredito que ninguém contribuiu tanto, amou tanto, se entregou de corpo e alma como ele. Não existem palavras para dimensionar a falta que ele fará para Campo Bom, menos ainda para expressar tudo o que ele construiu e nos ensinou”.
Luciano Orsi, prefeito de Campo Bom
“É uma grande lástima, Campo Bom perde uma grande liderança. Um líder nato que cumpriu seu papel fazendo o bem para Campo Bom, sempre aberto ao diálogo. Visionário, à frente de seu tempo ele pensava a cidade com olhos no futuro, sempre foi assim. Hoje (quarta-feira) perdi um amigo e uma referência, de ser humano e de cidadão campo-bonense, que não mediu esforços para ver nosso município crescer e prosperar”.
Ernani Reuter, empresário
“Recebo com tristeza a notícia do falecimento do meu amigo Evaldo Dreger. Tive o privilégio de conviver com esta figura ímpar, um líder nato, tão raro nos dias atuais.Seu Evaldo deixa um legado com marcas positivas e profundas para nossa comunidade, feitas por este cidadão, em toda sua dimensão de caráter e força. Hoje perdemos um dos grandes, que sempre será lembrado como um gigante da comunidade”.
Giovani Feltes, Deputado Federal (MDB)