A história de um criador que descobriu que números importam, mas a essência importa muito mais
Criar conteúdo é incrível, mas ninguém conta o quanto isso pode ser instável. Tem dias em que a inspiração transborda e outros em que ela simplesmente não aparece. A maior batalha de quem posta na internet é manter a constância, mesmo quando a rotina aperta, a criatividade falha e o algoritmo parece não ajudar.
Esse é um dos relatos do campo-bonense Roger Augusto, 30 anos, que é sucesso nas redes sociais. Com seu jeito autêntico, misturando humor com fatos do dia a dia, ele conquistou a internet.
Apesar de ser apaixonado pela gravação de vídeos desde a infância, ao lado do irmão, foi de forma despretensiosa e espontânea que Roger começou a se tornar conhecido nas plataformas. Aproveitando a facilidade de comunicação e o carisma, fruto do lado artístico aflorado, ele iniciou as publicações ainda na era do SnapChat, em meados de 2015. Em pouco tempo, os vídeos repercutiram e os seguidores se encantaram com sua autenticidade.
Com a popularização do Instagram, Roger migrou para a nova rede, com o perfil @rogeeraugusto e manteve as postagens. Logo, a média de visualizações cresceu e o criador de conteúdo passou a ser reconhecido. “Foi um choque para mim, quando me dei conta de que realmente havia viralizado. Achei até engraçado quando as pessoas começaram a me reconhecer na rua e comentar comigo sobre os vídeos”, lembra.
O número de seguidores seguiu aumentando. Porém, como a plataforma favorece quem mantém constância, Roger percebeu que não se encaixa no ritmo de “postar por obrigação”. “É algo meu, não faço isso como uma obrigação, acho até pelo fato de não considerar isso um trabalho. Eu faço porque gosto e tenho facilidade. Mas tem períodos em que sinto um bloqueio”, comenta.
No início deste ano, a convite de uma amiga influenciadora de Novo Hamburgo, Roger aceitou o desafio de se mudar para São Paulo e participar da Mansão Maromba, um reality show que reúne criadores de conteúdo em uma casa, com regras e missões como divulgações, eventos e muito mais. Foram quatro intensos meses morando na maior cidade do país.
Apesar do bom desempenho e do crescimento nas plataformas (quando embarcou para São Paulo, tinha pouco mais de 18 mil seguidores; hoje, soma mais de 34 mil), Roger entendeu que era hora de voltar. “Eu sempre tive um sonho de mudar de cidade, morar em um lugar diferente. Só que é muito diferente tu ver através de registros, imagens e vídeos. Estar lá é outra realidade, em termos de segurança, estrutura e até de saúde. Aqui tem ar puro e árvores”, brinca.
A distância da família também pesou na decisão de retornar a Campo Bom. “Um pouco mais de um mês depois de eu ter ido, um amigo de infância morreu por complicações de saúde. Ali foi a primeira vez que eu senti por estar longe. Ainda que a família dele tenha me incentivado a ficar lá, por acreditarem no meu potencial, eu não via sentido em continuar criando conteúdos de humor no meio de um momento tão triste”, conta. “Aqui tenho meus pais, minha família, muitos amigos”, reforça.
De volta à cidade natal, Roger retornou à profissão que escolheu há quase 10 anos: designer de sobrancelhas. Trabalhar na área da beleza é uma de suas paixões. “Eu já tinha conquistado minhas clientes, e muitas delas retornaram para mim quando voltei”, diz. Segundo ele, ser criador de conteúdo em Campo Bom é mais difícil do que parece. “Aqui as pessoas não enxergam isso como um trabalho”, comenta.
Para o futuro, Roger não promete dedicação integral às redes, mas garante que, mesmo nos períodos de pausa, sempre volta. “Eu amo me comunicar, mas prefiro viver um dia de cada vez, de forma leve. Essa oscilação na constância faz parte da minha vida, então em breve eu volto a postar mais. Quem sabe faço parcerias com outros criadores para collabs, assim todo mundo cresce junto”, pontua.
A trajetória de Roger revela os bastidores de uma rotina que vai muito além do que aparece na tela. Entre desafios, mudanças e retornos, ele demonstra que criar conteúdo é também sobre equilíbrio: respeitar o próprio tempo, manter a essência e permitir que cada fase encontre seu espaço.
















