Novembro é o mês que sensibiliza a população sobre o nascimento de bebês prematuros, aqueles que nascem antes do tempo previsto. Anualmente, cerca de 340 mil bebês brasileiros nascem prematuros, ou seja, com menos de 37 semanas de gestação. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número representa 12,4% do total de nascidos vivos no País.
O casal Nigel Araújo, 32, e Brenda Fialho, 23, passou por essa experiência no início deste ano, quando, com 27 semanas de gravidez, a microempresária, que teve uma gestação tranquila deu à luz a Maria Alice no dia 12 de fevereiro. Alice nasceu com aproximadamente 33 cm e com 670 gramas. As dificuldades de um parto prematuro são vividas por milhares de mulheres no país. “Tivemos de esperar dezoito dias para poder pegar nossa filha no colo pela primeira vez, foi muito emocionante aquele momento”, relembra o instalador de sistemas de segurança eletrônica.
Maria ficou 88 dias internada na UTI Neonatal do Hospital Regina em Novo Hamburgo. Dias de angustia e fé dos moradores do bairro 25 de Julho. “A UTI realmente é uma montanha russa. Um dia tá tudo indo bem, no outro nem tanto. Quando chegamos em casa que realmente sentimos mais a realidade, ficamos dias sem entrar no quarto da Maria. Mas fomos vencendo um dia de cada vez. Parecia que nunca ia ter fim”, afirma Araújo.
A cada grama de peso conquistada pela pequena, uma nova comemoração. A rotina de idas e vindas ao hospital foi embalada pela esperança na plena recuperação de Maria, que, mesmo tão pequena, já enfrentava uma batalha ininterrupta pela vida. Depois de quase três meses de internação, no dia 9 de maio, pesando 3.130g e 48 cm, finalmente Maria Alice foi pra casa. “Foi difícil, muito difícil. Mas a gratidão e a fé pela Maria ter nascido e ter lutado pela vida, foi muito maior”.
Prevenção é a orientação
De acordo com pediatra Luiz Moller, fatores como: baixo nível socioeconômico da gestante (baixa renda, baixo nível de escolaridade e desnutrição), episódio de parto prematuro em gestação anterior, profissão com grande desgaste físico ou emocional e tabagismo podem contribuir para a prematuridade. “Uma gestação geralmente dura de 37 a 42 semanas. Deste modo, todo bebê nascido cuja a gestação tenha durado menos de 37 semanas completas é considerado prematuro, e o que mais causa essa prematuridade é a gravidez de risco, hipertensão, gestação na adolescência, infecções congênitas, tabagismo e o abuso excessivo de álcool”, detalha.
O pediatra destaca ainda que a forma mais eficaz de prevenir a prematuridade é o pré-natal adequado- para identificar precocemente problemas e tomar as devidas precauções. “O acompanhamento permite a identificação de vários fatores que podem aumentar o risco de parto prematuro, tornando possível o uso de medidas preventivas Por isso é fundamental as visitas periódicas ao obstetra para o bom êxito da gestação”.
Outros fatores que aumentam a possibilidade de o bebê nascer com menos de 37 semanas de gestação são: Uso de drogas, diabetes, hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia, infecções do trato urinário, sangramento vaginal, obesidade e distúrbios de coagulação.
Além da alta mortalidade, a precocidade também pode levar a outros problemas ao bebê, como imaturidade respiratória, digestiva e metabólica do bebê, deixando-o mais suscetível a manifestar outras doenças. Também pode ocasionar sequelas graves nos recém-nascidos, tais como a paralisia cerebral.
Novembro Roxo
A partir desse cenário, diversas ações de conscientização foram desenvolvidas ao redor do mundo. Uma das mais articuladas nesse momento é a pelo Novembro Roxo e pelo Dia Mundial da Prematuridade (comemorado no dia 17 de novembro) coordenados pela Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com. Instituição gaúcha que atua em todo Brasil. O principal objetivo é alertar sobre o crescente número de partos prematuros, sobre formas de prevenção e informar sobre as consequências do nascimento antecipado para o bebê, para sua família e para a sociedade. “Queremos chamar a atenção dos governantes e formadores de opinião sobre a importância desse tema, refletindo sobre a qualidade do atendimento oferecido aos nossos prematuros e às suas famílias e clamando por políticas públicas de prevenção e tratamentos modernos, adequados e mais humanos”, esclarece Denise Suguitani, diretora da ONG.
Segundo Denise, atualmente são cerca de 4 mil famílias cadastradas, mais de 100 voluntários em 19 estados brasileiros e um Conselho Científico Interdisciplinar. “O trabalho da ONG se baseia em ações dedicadas à prevenção do parto prematuro, à capacidade de educação continuada para profissionais de saúde e à defesa de políticas públicas voltadas aos interesses das famílias de bebês prematuros e dos profissionais que cuidam deles”, explica.