Aline Bieger, uma surdoatleta, quer conquistar uma medalha nas Deaflympics, enfrentando desafios financeiros para representar o país e Campo Bom no exterior
Por Giordanna Vallejos
No mundo do esporte, as histórias de superação e determinação frequentemente se transformam em inspiração para todos. A trajetória de Aline Bieger, uma jovem de 29 anos, residente em Campo Bom e professora na prefeitura de Novo Hamburgo, é uma dessas histórias notáveis. Aline não apenas superou barreiras pessoais e profissionais para voltar ao atletismo, mas também se tornou um exemplo de perseverança ao competir nas Deaflympics, uma competição internacional exclusiva para atletas surdos.
Retornando às pistas
“Ingressei no atletismo pela escola, fui inserida no grupo de treinamento de atletismo da escola Sinodal Tiradentes. Após o ensino médio e faculdade tive algumas paradas por conta de trabalho e estudo, e conciliar com os treinos era impossível”, compartilha Aline sobre seu início no esporte. No entanto, a chama do atletismo nunca se apagou completamente.
Em novembro de 2018, ela tomou a corajosa decisão de retomar sua paixão pelo atletismo, juntando-se à equipe da Ulbra, onde treinava após o trabalho e antes das aulas noturnas. “Minha perda de audição foi em abril de 2018 e quando retornei ao atletismo, no final de 2018, foi sem intenção de competir, era apenas para ficar bem psicologicamente. Busquei forças no atletismo. Pela insistência do pessoal da Ulbra, dizendo que eu poderia ganhar medalha, competi no estadual universitário”.
Rumo às competições mundiais
Com apenas seis meses de treino, ela competiu no estadual universitário e surpreendeu a todos, conquistando o segundo lugar no estado. Esse feito notável lhe garantiu o índice para as competições mundiais de surdos, incluindo as Deaflympics, uma das competições mais prestigiosas para atletas surdos. “Nós surdos competimos nas Deaflympics, pois não nos enquadramos no paralímpico e não podemos competir nas Paralimpíadas; por isso, existe a Deaflympics, que, na verdade, é mais antiga que os jogos paralímpicos”, explica Aline sobre a importância desses jogos.
Representando o Brasil e a América do Sul
A atleta destaca a honra de ser convocada para representar o Brasil no Sul-americano, que será em dezembro deste ano, no Equador, e ressalta a relevância de uma competição sul-americana exclusiva para atletas surdos. “Fiquei muito feliz em poder representar o esporte brasileiro e gaúcho. Até agora, fui a única mulher convocada no atletismo”, diz com orgulho. Ela observa que as realidades dos países fora da América do Sul são diferentes, mas na Deaflympics ela competiu de igual para igual com potências como França, EUA e Holanda. “Tenho grandes chances de medalha no Sul-americano, se Deus quiser”, afirma a atleta, com confiança.
Apoio financeiro
A Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos perdeu o patrocínio da Caixa Econômica Federal, e Aline está recorrendo a uma vaquinha para custear sua viagem.
As despesas incluem taxas em dólar, hospedagem, alimentação e passagens aéreas, que totalizam aproximadamente 6 mil reais.
Ela apela à generosidade da comunidade para realizar seu sonho, compartilhando seu Pix para quem quiser ajudar: Aline.bieger24@gmail.com.