Não se pode fazer uma reforma previdenciária que vitime os militares que vitime os auditores fiscais. Mas como se faz uma reforma que não se pode mexer no andar de cima nem no debaixo? Um questionamento paradoxal, que traz os argumentos de acordo com a conveniência de cada um e não em benefício do país.
No Brasil no ano passado, investimos 712 bilhões em previdência e assistência e 74 bilhões em educação (10 vezes menos), investimos 113 bilhões em saúde (6,5 vezes menos). Mais de 40% das crianças brasileiras estão na linha da pobreza e 12% dos idosos com idade acima de 65 anos. Na extrema pobreza estão 16% das crianças brasileiras e 1,7% dos idosos. A constituição brasileira de 1988 prega que vamos ajudar as crianças e os idosos e as pessoas pobres com deficiência dentro dos critérios do LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social). Mas não tem para todos e as crianças estão sem cobertura e com dificuldades e não temos recursos para resolver este problema. Isto faz com que os argumentos para tomarmos as decisões necessárias e justas que aparentemente podem ser duras, mas que significam justiça para o conjunto das pessoas e não apenas para um grupo determinado que por algum motivo tem uma situação diferente e privilegiada em relação a outros grupos do conjunto da sociedade. Não é uma discussão fácil, muito menos um tema popular. Muitas vezes nossos parlamentares passam o tempo todo defendendo pautas corporativas. O projeto da Previdência é duro, é ambicioso, amplo e justo. Os que têm mais contribuirão com mais e os que têm menos contribuirão com menos. O projeto ataca fraudes, dívidas, que tem equilíbrio fiscal e que a grande maioria da população brasileira já incorporou. É um projeto e uma pauta da sociedade brasileira e se vê que os deputados que o estão apoiando necessariamente não são da base do governo, mas todos são desta pauta, porque entendem a necessidade de ser uma pauta do país da sociedade, que interessa a todos nós. Ou nos debruçamos sobre ela ou não teremos país no futuro.
A economia com a Reforma da Previdência deve ficar ao redor de 1 trilhão, 300 bilhões de reais.