Em uma assembleia presencial na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, na noite de ontem,17, os trabalhadores de Correios decidiram decretar greve por tempo indeterminado. A paralisação é nacional e até as 21h, outros quinze sindicatos tiveram a mesma deliberação pelo país. O Sindicato dos Trabalhadores de Correios do RS (Sintect-RS) divulgou uma carta aberta que critica o governo federal e a direção da empresa. “Na negociação deste ano, apresentaram reajuste zero e querem retirar praticamente todos os direitos da categoria”, diz o documento.
A greve ocorre em protesto contra a retirada de direitos, a privatização da empresa e a ausência de medidas para proteger os empregados durante a pandemia do coronavírus, de acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect).
A categoria é contra a aceleração do processo de privatização da estatal, ainda que a demanda tenha aumentado em 25% no país, por conta da pandemia. “Fecharam agências, não realizam concurso para substituir os trabalhadores que se aposentaram ou saíram em sucessivos Programas de Demissão, entre outras iniciativas que têm levado aos problemas que hoje afetam a população”, diz outro trecho da carta aberta.
Os Correios divulgaram nota sobre a decisão da categoria em realizar a greve. Confira:
“Os Correios não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados.
Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que a possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.
No momento em que pessoas e empresas mais contam com seus serviços, a estatal tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.
Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.”