Em condições normais, o nível do rio em São Leopoldo é de 2,5 metros. Agora, está abaixo da metade, em 1,1 metro
A falta de chuva significativa na região já está prejudicando o Rio dos Sinos como um todo e peixes mortos já são avistados na água.
Na segunda-feira, 3, começaram a aparecer os primeiros animais sem vida em São Leopoldo. Conforme a resolução 357/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), corpos hídricos de classe 2, como o Rio dos Sinos, devem ter o oxigênio acima de 5 miligramas por litro e na terça-feira, 4, foi verificado que, atualmente, o nível é de apenas 2 miligramas por litro.
Segundo o responsável pela Estação Meteorológica de Campo Bom, Nilson Wolff, a chuva de quarta-feira, 5, foi muito bem vinda e superou a previsão, a qual vai trazer um alívio na atual estiagem e baixo nível do Rio. “Até às 16 horas, o acumulado em Campo Bom atingiu 32.2 mm e, considerando que choveu na mesma proporção e até mais nas cidades vizinhas, com certeza o Rio dos Sinos terá uma leve elevação em seu nível”, explica. “O principal motivo desta seca é o Fenômeno La Niña, que traz pouca chuva para o Sul do Brasil e com volumes irregulares.”
Após as chuvas, o nível da água, que variava entre 1,15 e 1,25 metro desde a última semana de 2021, passou a 1,40m. A tendência é de que ainda suba nos próximos dias, quando descem a água das regiões altas do Sinos. “Depois de muitos dias sem chover, quando vem uma pancada de chuva rápida, ela arrasta os sedimentos que estavam depositados nas tubulações de drenagem urbana e nos arroios da cidade. Estes sedimentos são basicamente matéria orgânica que é levada pela correnteza e acaba concentrando a poluição, já que o pouco volume de chuvas não favorece a diluição. Junto disso, as altas temperaturas fazem com que essa matéria orgânica e o lodo do fundo do rio decomponham, consumindo oxigênio. Essa combinação de fatores tem se repetido nos últimos anos e é a causa dos peixes mortos”, explica o secretário da Sema, João Flávio da Rosa.
Apesar do abastecimento de água ainda não estar comprometido, a recomendação é de que a população economize água e, se possível, mantenha reservatórios nas residências, além de evitar o desperdício ao lavar calçadas, paredes, telhados, entre outras finalidades não essenciais.
Relembre a tragédia de 2006
Em outubro de 2006, o Rio dos Sinos sofreu a maior mortandade de peixes já registrada no Estado. Cerca de 90 toneladas de pescado foram recolhidas, mas estima-se que quase 200 toneladas tenham morrido – o equivalente a cerca de 200 automóveis populares, como um Gol.