Realidade sem filtro: percepção da aparência é afetada pelas redes sociais

Por Giordanna Vallejos

Conforme uma pesquisa realizada em 2021, por uma marca de produtos de higiene pessoal, aproximadamente 84% das mulheres brasileiras usam filtros para modificar sua aparência e 80% evitam sair para socializar com amigos e familiares devido a preocupações com sua beleza. Esse cenário se intensifica ainda mais no público jovem.

A imagem que aparece na tela do celular pode diferir daquela refletida no espelho, o que pode impactar negativamente a autoestima dos usuários, diante da crescente quantidade de recursos disponíveis nas redes sociais para alterar as fotografias e vídeos. A busca por um padrão de beleza promovido na mídia e nas redes sociais pode levar a uma insatisfação com a própria aparência.

A psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Campo Bom, Alessandra Cecília Miguel Feldens, explica que o debate do tema é pertinente na atualidade, com o constante uso das mídias digitais. “Influencia tanto o adolescente, porque é um momento de se conhecer, de fazer parte de um grupo. Os filtros surgiram como uma brincadeira mais inocente, como botar orelhinhas. Agora estão usando para mudar mesmo o visual e isso gera um choque entre o eu real e o eu imaginário”, disse ela.

A profissional da área de saúde mental, relata que atende pacientes locais com transtorno de percepção corporal e que está geralmente relacionado com uma comparação de uma imagem das redes sociais – um padrão quase inalcançável de beleza. “Quando dá esse choque do real do imaginário gera ansiedade, frustração, depressão. Está tudo mudando sempre, um corpo perfeito na idade média é diferente de um corpo perfeito hoje. É preciso lembrar que as qualidades das pessoas não se resumem a uma foto”.

O papel dos pais

Conforme a especialista, para amenizar o impasse, os pais podem limitar o uso de mídias, mesmo esta não sendo uma tarefa fácil. O ideal é que crianças tenham seu celular depois dos 10 anos e que crianças e adolescentes tenham acesso limitado de telas – por até no máximo três horas por dia.
Mas também não adianta apenas proibir o celular e deixar a criança de lado. “O convívio familiar auxilia, chamar o adolescente para participar de atividades com os pais, tirar o foco do celular. A tecnologia tem seu lado bom, mas precisa ser limitada”, disse ela.

Como buscar apoio

Para quem se identifica com baixa autoestima ou até mesmo o transtorno de imagem, a ajuda sempre é possível. “Quem é adolescente e está percebendo que um colega está passando por isso, pode sugerir um trabalho em aula, ou buscar um serviço de saúde mental. O caminho é buscar as unidades básicas de saúde do bairro, que podem encaminhar ao Caps em caso de maior gravidade”, conclui a psicóloga.

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