Caso ocorreu na escola Santos Dumont, no bairro Imigrante Norte
No dia 13 de maio, um caso de injúria racial foi registrado na Escola de Ensino Fundamental Santos Dumont, da rede pública municipal de educação, no bairro Imigrante Norte.
Duas turmas de oitavo ano imitavam sons de macaco enquanto Maristela Santos, mulher negra, professora concursada do município há 24 anos, se colocava de costas para a turma, ao escrever no quadro.
A professora realizou um Boletim de Ocorrência (B.O), procurou a direção da escola e acionou o Coletivo Feminista Elza Soares. O caso está sendo acompanhado pela equipe jurídica da Rede Girassol, do Coletivo Elza, juntamente com a Coordenadoria Racial.
Confira o relato da professora.
“Sou professora da rede municipal há mais de 20 anos, já trabalhei em escola de educação infantil, fundamental, EJA e alfabetização em inclusão no CAPS do município. Durante toda a minha jornada vivenciei e presenciei diversas situações de violência, indisciplina e discriminação velada. Porém, da forma agressiva e dissimulada como sofri em sala de aula com essas turmas, onde imitavam sons de macaco enquanto eu escrevia no quadro, e a forma como me afrontaram quando lhes falei que iria fazer o B.O., foi humilhante. Pois, os mesmos debochavam dizendo que não havia vídeo ou gravações deles e que não teria como processar uma turma inteira. Foi deprimente e a gota d’água, o que me levou a sair da sala. O Movimento Elza está me dando suporte jurídico e psicológico, no sentido de me manter firme e não baixar a cabeça. Espero, sinceramente, que casos assim não se repitam. O que me é marcante nesse momento é que a situação ocorreu justamente no dia 13 de maio, dia que completou 134 anos da abolição da escravidão no Brasil.”
Procurados pelo Jornal A Gazeta, a Administração Municipal e a Secretaria de Educação e Cultura se manifestaram através de uma nota oficial, confira:
“Diante dos fatos ocorridos, em que uma professora da Rede Municipal relatou ter sofrido injúria racial dentro da sala de aula, a Prefeitura de Campo Bom informa que repudia qualquer ato de discriminação ou racismo e que está prestando todo o apoio à professora. O ato foi denunciado por meio de Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia local e agora cabe à esfera policial julgar o ocorrido. Campo Bom é uma cidade para todos e é inadmissível que casos assim aconteçam em pleno século XXI. A administração municipal ressalta que acompanhará o caso e prestará todo o apoio necessário à vítima.”