Conheça o universo de Alzimiro e Dulce Jung, cujas histórias se entrelaçam com o verde exuberante de sua horta única no Centro de Campo Bom
Em meio ao cenário urbano, a casa dos Jung se destaca pelo canto de pássaros e um jardim que transcende o comum, onde Alzimiro, aos 86 anos, molda sua jornada. “Gosto de trabalhar na horta. Estamos morando aqui há 57 anos. Aqui, trabalhei no calçado, mas minhas raízes vêm da colônia de São Francisco de Paula.”
Essas raízes carregam uma sabedoria que transcende os limites do tempo.”A gente sabe a época de plantar, de colher, de limpar e como fazer a terra produzir, tudo tem um porquê. Enquanto eu cuidava da horta e vi ela crescer, também vi a cidade florescer. Ajudei a votar para emancipar Campo Bom; vi o primeiro prefeito”, disse Alzimiro.
A idade avança, mas Alzimiro persiste. “Este ano sinto o peso da idade, mas continuo cuidando da horta. É tudo orgânico, temos uma composteira, usamos o adubo na horta. Difícil um dia que não vamos para a mesa que não tenha algo da horta”, explica ele, sorrindo.
A preocupação dele se estende às gerações futuras, que tem pouco contato com a natureza. “Penso nas crianças; elas não aprendem na escola como é cultivado tudo. É tão bom colher; imaginem se não tivesse ninguém plantando. As crianças aprendem a comer melhor as verduras assim, se elas mesmas plantam.”
Alguns dos alimentos e plantas que eles cultivam na horta são: espada de são jorge, arruda, fava, dedo de moça, alecrim, lavanda, rosas, manjericão, hortelã, melissa, sálvia, tomate, figo, cebola, cenoura, beterraba, alface, marcela, abóbora, capim-cidró, alcafor da horta, abobrinha, camomila, rúcula, cebolinha e alho. Eles não separam as verduras, tudo é cultivado junto para aproveitar a terra, de forma orgânica.
Ao lado de Alzimiro, Dulce, aos 80 anos, contribui para esse óasis em meio ao agito urbano. “Ele é da terra. Começou com a horta desde que viemos morar aqui, há 57 anos.” Dulce, que trabalhou anos como costureira, orgulha-se do fruto de seus esforços. “Este ano, um pé nosso de mamão deu 40 mamãos.”
Nas mãos de Alzimiro e Dulce, o Centro de Campo Bom transforma-se em um oásis verde. O murmúrio da cidade cede espaço ao canto dos pássaros, e o passado se entrelaça com o presente na riqueza de uma horta que se tornou mais do que um jardim – é um testemunho vivo de amor pela terra.