Quando a pandemia de Covid-19 começou, a maior preocupação era com os idosos e com as pessoas com comorbidades associadas, como hipertensão, problemas cardíacos e outras doenças. Desde o início, os jovens não foram o foco principal. Mas, agora, eles estão entre as faixas mais infectadas em Campo Bom. Na cidade, o número de confirmados até quarta-feira, 3, com idade entre 16 e 35 anos com a doença representa 40% dos infectados.
Para o biomédica da Vigilância Epidemiológica de Campo Bom, Luana Letícia da Silva, o retrato da pandemia até agora fornece algumas pistas sobre a forma como impacta inicialmente no município, mas deverá se modificar ao longo das próximas semanas com risco de se intensificar e mudar a faixa etária com maior número de exames positivos.
Segundo a especialista, a elevada proporção de doentes entre adultos com menos de 40 anos, que não costumam ser associados a manifestações mais severas da Covid-19 mas vem se destacando nas estatísticas, pode ser um indício de que essa parcela da população está seguindo em menor grau as recomendações de isolamento social, isso também pode significar que muitos deles não estão tão preocupados com a doença por não fazer parte do grupo de risco e, assim, acabam se expondo mais, em festas, jogos de futebol e outras aglomerações. “Pode ser um sinal de que essas pessoas são as que estão saindo mais à rua para trabalhar ou fazer compras. Pode indicar também que os idosos estão procurando tomar mais cuidado e se preservando mais desde o começo da pandemia”, avalia Luana, que pontua “Jovens adultos são mais ativos, circulam mais e alguns apresentam mais resistência em cumprir as regras do isolamento social e ao uso de máscara”.
Isso não significa que os mais velhos podem respirar aliviados. Com base nas estatísticas disponíveis até a tarde de quarta, a faixa de 50 a 80 anos somava 37% das confirmações e a faixa de 36 a 49 anos representava 23% dos infectados. “Nas últimas semanas foi observado um relaxamento nas medidas de prevenção o que contribuiu para o aumento dos casos, juntamente com a circulação das pessoas em outros municípios”, analisa a biomédica.
Os cuidados são os mesmos
A especialista, alertou ainda que, mesmo não fazendo parte do grupo de risco, os jovens e adultos saudáveis não estão imunes à doença. “Se está sendo mais contaminada, a gente precisa fazer um trabalho maior para que tenha conscientização e siga as recomendações adequadamente, porque estamos entrando em um período mais crítico. Estamos vendo um aumento do número de casos de uma maneira mais rápida, aumento da mortalidade, aumento da quantidade de pessoas internadas, isso deve se manter durante todo o mês”, completou Luana.