O presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom, Paulo Tigre (MDB) deu uma declaração polêmica durante a sessão na segunda-feira,9, enquanto discursava sobre o programa Oncologia, desenvolvido desde o dia 2 de dezembro no Hospital Dr. Lauro Reus, através de uma ação conjunta entre a administração Luciano Orsi com a Associação São Miguel-ABSM, gestora da unidade. O programa em menos de três semanas já atendeu 100% dos pacientes que aguardavam pelas consultas na fila do Sistema Único de Saúde no município, de acordo com o presidente da ABSM, o médico oncologista Rafael França. O atendimento até então era oferecido somente em Novo Hamburgo, no Hospital Regina. “Foi lido aqui, que o programa Oncologia tinha sido resolvido graças a ação do executivo. A ação do executivo colocou um médico a atender Oncologia para que ele visse os seus exames. Disse “Sim, o senhor tem Câncer e agora o senhor vai na marcação de consulta, marque a fila e vá pro Regina”, disse Tigre.
O vereador, que é médico por formação continuou o discurso. “Que isso? Não tem poder resolutivo aqui, não tem radioterapia, não tem quimioterapia, então não tem poder resolutivo, ele só adiantou a consulta pra dizer, “Sim o senhor tem câncer”, ou “não, o senhor não tem câncer, mas vá pra fila, vá pra marcação e vá pro Regina. E na LOA (Lei Orçamentária Anual) não cita serviços Oncológicos. Fica apenas esse questionamento. Que solução é essa que foi dada?”, concluiu Paulo Tigre.
Pontos positivos se destacam, afirma a administração
De acordo com a titular da Secretaria de Saúde, Dra. Suzana Ambros Pereira, o programa Oncologia é uma importante ferramenta no tratamento de pacientes com câncer, pois antecipa etapas. “Após o diagnóstico, o oncologista faz o chamado estadiamento do câncer, que justamente serve para definir o estágio em que ele está. São, na verdade, muitas variáveis incluídas, que mudam para cada tipo de tumor como o de mama por exemplo. Nesta primeira consulta já são solicitados exames específicos para aquele determinado tipo de tumor. Assim, caso ela precise de químico após uma cirurgia, já estará com os resultados em mãos”, explicou Dra. Suzana, que rebateu as críticas que o programa vem recebendo. “Sinceramente eu não entendo as pessoas. Se não tem é péssimo, se tem é ruim. A gente tá podendo ofertar mais conforto, até mesmo uma definição mais rápida em termos de melhorar o prognostico para a cura e a gente recebe uma enxurrada de críticas. Não estou entendendo”, afirmou a secretária.
Segundo o prefeito Luciano Orsi além de agilidade e precisão no diagnóstico, o programa apresenta outro diferencial, a possibilidade de encaminhamento para procedimentos no Hospital Dr. Lauro Reus com maior rapidez. “Alguns casos podem ser resolvidos com cirurgia no próprio hospital, outros poderão necessitar de tratamento radioterápico. Esses terão resolutividade sem necessitar aguardar o acesso ao hospital Regina, que é o gargalo que buscamos evitar. Talvez muitos necessitarão aguardar acesso ao Hospital Regina, porém se conseguirmos reduzir em 20% a fila de espera, ganharemos em resolutividade com esses pacientes e diminuiremos na mesma proporção o número de pessoas aguardando, tornando mais rápido o acesso de todos. Esse é o nosso objetivo. Avaliar no menor tempo possível e dar celeridade. Nestes casos, todo minuto é precioso”, pontuou Orsi.
Confira a entrevista exclusiva com o presidente da ABSM, o médico oncologista Rafael França sobre o programa Oncologia:
AG – Como funciona o atendimento no programa Oncologia?
Rafael França – O atendimento para as consultas Oncológicas no Hospital Lauro Reus, em Campo Bom, foi viabilizado a partir de um esforço do prefeito Luciano Orsi juntamente com a Associação São Miguel – ABSM, gestora do Hospital. As consultas estão sendo realizadas na casa de saúde por mim, que sou médico oncologista. Os cerca de 40 pacientes aguardavam em uma fila de espera do SUS e precisavam se deslocar até Novo Hamburgo para serem atendidos.
AG – Ao seu ver, agiliza o tratamento e diagnóstico de pacientes com câncer?
Rafael França – O Câncer é uma doença em geral silenciosa e quase sempre fatal, além de traumática para toda a família, quando não tratada precocemente. Tanto o diagnóstico como o tratamento de pacientes na área oncológica são questões muito delicadas e devem ser vistas com critérios e procedimentos próprios. Por isso é sempre muito importante que se realize o quanto antes tanto uma simples consulta, quanto exames, diagnósticos e, principalmente, o tratamento.
AG – Referente às duras críticas que o programa recebeu na Câmara de Vereadores, o senhor acha que são infundadas?
Rafael França – Não apenas na minha opinião, mas tenho certeza que de todos os seres humanos, qualquer ação que beneficie ou agilize o cuidado, o tratamento ou a resolução de problemas de saúde, já representa um mérito em si e deve ser vista com todo apoio e empenho possíveis. Não estamos aqui para rebater nem dar vazão a críticas institucionais, mas sim para atender e atender bem as pessoas. E é isso que estamos fazendo.
AG – Quantas pessoas já foram atendidas no programa?
Rafael França – Nestas duas semanas foram atendidos 100% dos pacientes que aguardavam pelas consultas e foram redirecionados os casos possíveis, adiantando fases pré-tratamento, o que representa uma grande vitória no combate ao câncer. Em alguns casos foi inclusive reforçado após a consulta, da necessidade de que o tratamento seja iniciado o quanto antes e encaminhados à Secretaria de Saúde para providências. Quanto aos demais procedimentos como quimioterapia, radioterapia ou até mesmo encaminhamentos cirúrgicos, serão ainda analisados pela São Miguel e a prefeitura, para uma resolução em breve.