Em Campo Bom, município onde foi registrado o primeiro caso de Coronavírus no Rio Grande do Sul, até agora contabiliza dois casos confirmados pela nova pandemia (o primeiro paciente, de 60 anos possui histórico de viagem para a Itália e é considerado curado pela Secretaria de Saúde. O outro caso é de um homem, de 52 anos, que viajou para França e Inglaterra e deve ser liberado do período de isolamento neste final semana) e treze casos suspeitos, até a última quinta-feira, 26. Mas, mesmo em meio a crise, sementes de solidariedade são plantadas, florescem e crescem. A orientação de prática do chamado distanciamento social — política que prega a restrição de contato entre as pessoas, sugerindo que elas fiquem em casa e que evitem aglomerações — pode ter afastado fisicamente as pessoas. Por outro lado, fez com que a sociedade criasse mecanismos de aproximação, solidariedade e auxílio mútuo.
No município diversas pessoas que não fazem parte do grupo de risco de contaminação pelo Coronavírus têm se disponibilizado a produzir máscaras reutilizáveis de tecido que serão doadas para as equipes que atuam na área da saúde, Brigada Militar e para os usuários da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação (SEDSH).
A união faz a força
Os idealizadores da iniciativa são os membros do Rotary Club e do Interact Club de Campo Bom, a partir de uma preocupação da modista Anita Paiano de Morais, mãe de Vittória Donato, integrante do Interact. Anita disse que teve a ideia durante as compras em um supermercado local. “Fiquei preocupada quando vi algumas pessoas utilizando máscara e pensei como esse hábito poderia salvar vidas e contribuir para o controle da pandemia. Cheguei em casa e falei para minha filha mobilizar os voluntários para arrecadação dos materiais necessários que a mão de obra eu daria”, relembra Anita.
O grupo de jovens se uniu ao Rotary campo-bonense e começou a estudar essa possibilidade, buscando onde seria possível conseguir doações e em quais empresas poderiam realizar a compra, já que em razão da quarentena decretada no município muitas fábricas estavam fechadas. “Isso foi na sexta-feira, 20, na segunda-feira já tínhamos conseguido diversos voluntários para ajudar na confecção das peças, compramos o tecido com verba das duas entidades e através da doação de cerca de mil metros de elástico, de um empresário aqui da cidade, começamos a produção na terça-feira mesmo”, detalha Rinaldo Gussulli, empresário e presidente do Rotary Club Campo Bom. “Sabemos que essa não vai ser a solução de todos os problemas, mas já é algo que vai ajudar. Vamos tentar o melhor para proteger as pessoas que estão na linha de frente do combate ao vírus”, comentou a Quiropraxista Jennifer Pereira, rotariana e voluntaria na ação.
Com orientação da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação, órgão que ficará responsável pela esterilização e destinação do material, as primeiras unidades começaram a ficar prontas no início da manhã de terça-feira, 24. Ao todo a iniciativa pretende entregar até o dia 27, 3 mil máscaras. “Em um momento tão difícil como este, onde mais precisamos da ajuda é que aparecem anjos para colocar-se à disposição para colaborar. A vida é muito melhor vivida quando você trabalha em prol de um grande sonho, de uma causa que você sente prazer em defender. E ações como essa, com o voluntariado, podemos desempenhar atividades que vão impactar a vida de muitas pessoas que você talvez sequer conheça”, pontuou o secretário de Desenvolvimento Social e Habitação, Eduardo Assmann.