O número de casos envolvendo suicídio aumentou de 2018 para 2019, em Campo Bom, de acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, órgão da Secretaria de Saúde. Informações foram solicitadas pelo AG e mostram que, de janeiro a agosto deste ano, foram registrados cinco casos. Durante todo o ano de 2018, o registro foi de dois casos, segundo a entidade.
De acordo com o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa se suicida e, para cada vítima, cerca de dez a vinte tentativas foram feitas. O número de suicídios aumenta a cada ano. A falta de informação e de discussão são fatores que dificultam a prevenção de novos casos.
Segundo Vera Lucia de Lima Ribas, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campo Bom, responsável pelo levantamento, “as tentativas de suicídio correspondem a 33% dos casos de violência notificados até o mês de julho. A média de idade de todos os casos de violência autoprovocada e interpessoal notificados (tentativa de suicídio) é de 30 anos e 74% das vítimas são mulheres”, aponta, frisando que os dados são preliminares sujeitos à alteração, pois alguns casos estão em investigação.
Dados de violência interpessoal/autoprovocada (tentativas de suicídio) em Campo Bom de janeiro a julho de 2019:
Com a criação do Setembro Amarelo diversas iniciativas estão sendo promovidas por uma rede de esforços conjuntos em favor da vida. No dia 13 de setembro o Largo Irmãos Vetter vai receber uma ação da Secretaria Municipal de Saúde com atividades de prevenção e conscientização sobre o suicídio.
Fenômeno Global
Nos Estados Unidos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), o suicídio é a décima maior causa de mortes todos os anos: estima-se que ao menos 47 mil pessoas tenham tirado suas próprias vidas no país em 2017, ano com os dados mais recentes divulgados. E, embora a população mais velha seja mais propensa a isso, os mais jovens não estão imunes – ao contrário: por serem menos sujeitos a enfermidades comuns na velhice, como problemas cardíacos ou neurológicos, o suicídio acaba se tornando uma das principais causas de morte nas décadas iniciais de vida.
O CDC reporta que, dos 10 aos 34 anos de idade, essa é a segunda forma mais comum de perder a vida nos EUA, atrás apenas das chamadas “lesões não intencionais”, que incluem acidentes de trânsito, quedas e envenenamentos acidentais, entre outros.
Sinais e alertas
Ainda sem uma confirmação médica, no entanto, é possível que as pessoas ao redor procurem ficar atentas a determinados sinais comumente associados ao suicídio, tanto para pessoas com transtornos conhecidos ou não.
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda ficar atento a questões como um aumento no número de vezes em que a pessoa se refere à própria morte, à falta de esperança ou a uma intenção de dar fim à situação que está vivendo.
Um isolamento voluntário, com a redução de contatos telefônicos ou virtuais, ou mesmo o simples ato de se trancar em casa ou no quarto, também devem servir de alarmes para quem está ao redor – especialmente quando a pessoa passa a abrir mão de atividades e eventos sociais que gostava de fazer ou frequentar. Frases como “eu preferia estar morto”, “eu não aguento mais” ou “eu sou um peso para os outros” devem ser encaradas como alarmes de que é necessário atenção urgente.
Atendimento gratuito
Em Campo Bom para o atendimento psicológico das pessoas que procuram ajuda, a cidade conta com o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), local onde pacientes, que são encaminhados pelas UBSs, recebem atendimento dentro de sua condição emocional. Lá, passam pela triagem com profissionais e, de acordo com a análise de cada caso, são encaminhados para psicólogos, terapias de grupo ou psiquiatra. A SMS também é parceira do CVV (Centro de Valorização da Vida), que atende gratuitamente por meio do telefone 188. “Em Campo Bom, a preocupação com esse tema acompanha diariamente as ações e estratégias de vários setores, em especial do eixo de saúde mental, alinhado às políticas públicas do SUS. E, dessa forma, estamos empenhados em alertar a população em geral sobre o tema, além de orientar profissionais da área de saúde e de outras áreas para identificar e notificar corretamente os casos para que contem com o devido acompanhamento”, define a titular da SMS, Suzana Ambros Pereira.