Por Giordanna Vallejos
Campo-bonense que adotou gêmeas conta sobre aspectos da maternidade
O dia das mães é celebrado neste domingo, 14 de maio. O amor materno reside em diversas formas. Para Raquel Tainara Nobrega Pilar Viana, de 33 anos, ele iniciou o processo de adoção. “Sempre tive essa vontade, até pelo contato religioso que tenho, de estar também sempre visitando abrigos e ajudando crianças”, explica ela.
Raquel conta que teve desde a adolescência esse desejo de adotar. Por coincidência, ela e seu marido descobriram que não poderiam ter filhos biológicos. Após esse momento de descoberta, eles preencheram a ficha de adoção e com o papel e a caneta, começaram o início da construção da família deles.
Inicialmente, na ficha, o casal optou por uma idade limite de 4 anos e apenas uma criança. Depois, ambos começaram a pesquisar sobre o tema, e perceberam que muitas crianças maiores necessitam de uma família. Por isso, eles aumentaram a idade para oito anos e com a possibilidade de irmãos. “Em seis meses nos ligaram, dizendo terem duas meninas gêmeas que haviam feito oito anos. Vimos uma foto, ouvimos a história e decidimos seguir com o processo, na semana seguinte eles marcaram um encontro. Para mim foi um choque, porque me achei muito parecida com uma delas”, relata a mãe.
Atualmente, Alicia Isabelle pilar Steffens e Lidiane Heloíse pilar Steffens tem 12 anos, são estudantes e Raquel trabalha como cronometrista de uma indústria de calçados. “Eu tento tornar o hoje delas mais feliz o possível, que elas possam chegar onde quiserem, independente do passado. Elas são muito parecidas conosco e são uma benção. Incentivamos muito os outros para adotar, hoje elas têm o nosso nome na certidão, fizemos uma festa para comemorar isso”. Confira a entrevista abaixo com Raquel, sobre maternidade.
A Gazeta- Tem algum momento da maternidade que te marcou?
Raquel Viana – O momento que me marcou foi quando uma delas me chamou de mãe. Como elas tinham uma visão romantizada da mãe biológica delas e eram grandes, para elas me chamarem de mãe foi muito difícil. Eu não cobrava, não falava nada, mas quando ela me chamou de mãe pela primeira vez, me segurei para não me emocionar.
AG – Para você, o que significa ser mãe?
Raquel – Ser mãe é um aprendizado e uma luta diária. Tu não pensa mais em ti, é tudo para elas. Parece que elas sempre fizeram parte do meu lar, da minha família. É um aprendizado para a vida toda, e cada conquista delas é uma grande conquista.
AG – Como é conciliar a maternidade, com profissão e estudos?
Raquel – Para mim está sendo um desafio, porque antes de adotarmos eu era só profissional, mas com a adoção delas vieram muitas coisas. Eu sempre brinco que elas me trouxeram muita sorte, porque com a adoção em seguida veio uma promoção no trabalho e ainda comecei a fazer cursos, então é muito cansativo, mas, ao mesmo tempo, criamos uma parceria aqui em casa. É puxado, mas eu não posso reclamar, porque o apoio que eu ganho deles é infinitamente maior do que eu vejo em outras famílias.
AG – Você aconselha outras mulheres a adotarem também?
Raquel – Eu sou a maior aconselhadora para adoção. Tanto que na igreja eu até palestrei incentivando as pessoas a adotarem e acredito que temos que proporcionar para essas crianças o amor. Fazer com que elas conheçam o amor, porque muitas vezes elas conhecem só o sofrimento. E eu sempre falo, se não pode adotar, apadrinha, para que as crianças possam ter o contato do que é um lar, o que é amor. O maior beneficiado na adoção é a gente, que aprende a abdicar do eu. As minhas filhas são uma benção, eu imaginava tanta coisa que eu teria problema e não tive.
AG – Como a relação com a sua mãe ajudou a moldar a mulher que você é hoje, e a mãe que você se tornou?
Raquel – A minha mãe engravidou de mim quando ela tinha 15 anos e meu pai biológico não presenciou a gestação. Eu falo para as minhas filhas que eu também fui adotada, porque quando a minha mãe tinha 17 anos, ela conheceu o meu pai e ele me registrou, me criou desde os dois anos e para mim, sempre foi meu pai. Ele me criou com todo o amor e carinho, meu pai e minha mãe sempre foram exemplos. Ela foi a primeira pessoa a me dar colo quando descobrimos que não poderíamos ter filhos biológicos, foi a primeira que apoiou a adoção e é a que mais cuida das minhas filhas. A minha mãe é meu maior exemplo. Minha sogra também é um exemplo de mãe, tem uma grande participação no nosso sucesso do processo. É importante conversar com a família antes de adotar, porque eles precisam vestir a camiseta e apoiar a ideia. Dessa forma, tudo ficou mais leve, essa rede de apoio é muito importante, assim como o grupo de apoio.