A saudade é um sentimento que expressa amor, mas também expressa dor e tem uma outra que dá prazer. Sinto saudade de tudo, das coisas que marcaram a minha vida, como a minha infância sofrida, que pouco tive, de uma infância, onde muitas vezes o trabalho, precisava estar à frente dos brinquedos e das brincadeiras. Sinto saudades do meu passado, de brincar de pião, jogar taco e de furar balões. Saudades da minha escola, dos meus colegas e das professoras e, também dos meus amigos. Muitos deles que nunca mais vi, mas que jamais esqueci. A saudade nos faz lembrar, nos faz chorar, outras vezes nos faz rir. Tem a saudade boa e a saudade ruim, aquela que machuca, a que dói o peito e alfineta a alma. Tem a saudade que se mata, essa é a melhor das saudades. Mas tem a saudade que se vive para sempre, que não sai de dentro de nós e que carregamos pelo resto de nossas vidas. Esta é a mais doída das saudades.
E é da mais doída das saudades que quero e preciso escrever. Da saudade que carrego comigo, de uma saudade que jamais poderei matá-la. Da saudade de uma pessoa que pouco vi e que muito pouco conheci. Meu PAI.
Mas como vou sentir saudades dos seus abraços, dos seus beijos, das suas broncas, dos seus erros ou dos seus acertos? Eu não lembro se ele me abraçou, se ele me beijou, não sei se ele me xingou, se ele acertou ou se ele errou e sequer lembro se ele sorriu para mim. Ele tinha 40 anos e eu apenas quatro. Não tive tempo para brincar com ele e de dizer que eu o amava até “o infinito”, ou até o “Japão”, ou até mesmo até “São Paulo”. Esta é a saudade que não dá pra matar e, que vai ficar comigo para sempre. Esta é a saudade que não gosto de sentir porque é uma saudade que machuca, que dói, que alfineta a alma e que nada posso fazer para deixá-la de sentir.
Ele tinha 40 anos, eu tinha quatro anos, este é o tempo da saudade, saudade que, eu sei, jamais vai me abandonar. Saudades de alguém que pouco vi e sequer conheci, mas nunca deixei de amar e por isto sinto saudades… Saudades eternas do MEU PAI.