A Delegacia de Polícia Civil de Campo Bom inaugurou oficialmente, nesta quarta-feira, 11, a Sala das Margaridas – um espaço exclusivo para atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica, se tornando o décimo município gaúcho a contar com a estrutura. A primeira a ser instalada em uma DP. “A proposta é aplicar a mesma estrutura em todas as 44 Delegacias de Pronto-Atendimento do Rio Grande do Sul, mas como aqui no município houve uma grande mobilização, tanto do Poder Público como de entidades e empresários, sentimos a necessidade de trazer para o município o serviço especializado”, pontuou a delegada Tatiana Bastos, Diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis (Dipam/DPGV).Para a delegada, o espaço, localizado junto à DP (Rua Emilio Vetter, 422) integra um programa amplo de humanização do atendimento a vítimas deste tipo de crime. “A ideia de um espaço mais acolhedor nas delegacias de Polícia Civil é justamente fazer com que as mulheres se sintam muito mais acolhidas e estimuladas a denunciarem. Também porque temos uma dificuldade muito grande de ter um serviço especializado 24 horas à disposição, o que será disponibilizado aqui na DP”, observa.
De acordo com Tatiana, a Sala das Margaridas serve tanto para a vítima se sentir mais acolhida como para os policiais se colocarem de maneira diferente. “Os policiais vão conseguir se dar conta de que, no meio daquele turbilhão, com um monte de gente para atender no balcão, quando se trata de uma mulher vítima de violência, o atendimento precisa ser acolhedor, mais humanizado, personalizado. Para isso todos os servidores da delegacia participaram de uma capacitação especifica para este atendimento”, observa.
Atendimento acolhedor
A iniciativa que contou com o investimento de R$ 10. 000,00, oriundo de doações, segue um projeto humanizado de atendimento, garantindo a privacidade das mulheres. Na Sala das Margaridas são registradas ocorrências policiais, feita a oitiva da vítima, bem como o pedido de medida protetiva e demais ações que fazem parte da Lei Maria da Penha. O espaço vai funcionar 24 horas e contará, sempre que possível, com atendimento de uma servidora. “As Salas das Margaridas representam um conceito de acolhimento de bom atendimento. Nesse espaço, será possível aplicar um questionário de avaliação de risco. Que é um instrumento que usamos para aferir o grau de risco que a mulher está inserida, contribuindo para diminuir a quantidade de feminicídios”, aponta o delegado Clóvis Nei da Silva, titular da DP de Campo Bom.
Bem-me-quer, malmequer
Conforme o delegado Silva, o nome margarida foi escolhido a partir da simbologia da flor, que é considerada uma das mais fortes da natureza. “Além disso, faz relação com o “bem-me-quer, malmequer”. Que representa bem essa situação das mulheres vítimas de violência, que uma hora chegam aqui querendo denunciar o companheiro e, no outro dia, voltam dizendo que querem um homem diferente, mas que amam o agressor — relata, ao citar que o policial precisa estar preparado para lidar com isso e entender o que se passa com as mulheres.
Participaram da cerimônia ainda o prefeito em exercício, José Roberto dos Santos, secretários municipais, a primeira dama, Kátia Orsi, representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), Conselho Pró Segurança Pública de Campo Bom (CONSEPRO), Força Tarefa, o vereador Alexandre Hoffmeister , representando o Presidente da Câmara Municipal de Vereadores e a delegada Rosane de Oliveira, titular da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Taquara.