Associação de Pais e Amigos do CEMADE questiona mudanças no serviço especializado para crianças e adolescentes neuroatípicos
Na última sessão da Câmara de Vereadores, a presidente da Associação de Pais e Amigos do CEMADE (Apac), Queila Oliveira Carvalho, se pronunciou na tribuna a convite do vereador Celso Rodrigues (REP). Ela representou famílias que foram surpreendidas com a publicação nas redes sociais da Prefeitura Municipal, informando sobre a descentralização dos atendimentos do CEMADE para postos de saúde e escolas da rede municipal.
Queila ressaltou que o CEMADE atende crianças com dificuldades de aprendizagem, autismo e outros casos específicos, oferecendo não apenas atendimento clínico, mas acolhimento, orientação, acompanhamento e suporte às famílias. Atualmente, existem dois polos de atendimento em Campo Bom, localizados nos bairros Bela Vista e Genuíno Sampaio, que atendem 235 crianças e adolescentes neuroatípicos, com serviços de fonoaudiologia, psicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional e fisioterapia. Segundo ela, a estrutura e a equipe já estabelecida promovem vínculos essenciais para o desenvolvimento das crianças. “Sabemos o quanto vínculo, rotina, ambiente e profissionais de confiança são essenciais para o desenvolvimento das crianças. Não se trata apenas de prestar um serviço, mas de garantir um espaço de confiança, previsibilidade e cuidado. A descentralização anunciada não foi dialogada previamente com as famílias”, afirmou Queila.
A presidente da Apac criticou a falta de transparência e construção coletiva no processo. Ela relatou que, mesmo após reunião com a Secretaria de Educação, as famílias saíram sem respostas claras sobre como será feita a adaptação, quais profissionais atuarão e se os espaços estão adequados para o atendimento especializado. Para reforçar a mobilização das famílias, Queila contou à reportagem do AG que a associação organizou um abaixo-assinado que já conta com mais de mil assinaturas.
Queila também mencionou declarações públicas do prefeito Giovani Feltes em maio, que indicavam que a mudança seria motivada por razões econômicas, e não por critérios técnicos voltados ao bem-estar das crianças. Segundo ela, a postura evidencia que decisões sobre serviços essenciais estão sendo tomadas sem planejamento, diálogo ou estudos técnicos, comprometendo a referência que Campo Bom possui no atendimento especializado do CEMADE. “Encerrando minha fala, reforço que o atendimento oferecido pelo CEMADE é um direito de saúde coletiva. Não estamos pedindo favores, estamos exigindo que nossos filhos e filhas sejam respeitados em sua condição, em sua dignidade, em sua singularidade. O que esperamos da gestão pública é escuta, diálogo e compromisso com as pessoas. Antes de uma postagem nas redes sociais, deveria haver reunião com os pais, o conselho e entidade. Não somos seguidores, somos cidadãos.” concluiu Queila.
Procurada pelo AG, a Prefeitura informou que irá se posicionar quando o projeto estruturado, englobando todos os serviços e novos protocolos, estiver finalizado, ressaltando que o projeto está sendo construído por muitas mãos. Segundo a administração, essa mudança, tem como objetivo principal qualificar o atendimento, levando ele pra perto das familias e diminuir a fila de mais de 600 crianças que aguardam atendimento especializado.
















