Estudo detectou, também, casos de coinfecção por nova linhagem do vírus no Rio Grande do Sul.
Já é de conhecimento público que o coronavírus tem uma alta capacidade de sofrer mutações. Tais mutações, capazes de se espalhar rapidamente, estão surgindo, inclusive no Rio Grande do Sul, onde cinco linhagens diferentes do vírus já foram manifestadas.
Uma destas mutações, denominada VUI-NP13L, foi identificada pela primeira vez no Estado em um estudo realizado pelo Laboratório de Microbiologia Molecular, da Feevale, em parceria com o Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica, do Rio de Janeiro.
O estudo confirmou, também, a disseminação generalizada da variante E484K na proteína S – Proteína Spike – que é a mesma mutação do coronavírus identificada no Rio de Janeiro, no mês passado. Variante esta que é preocupante, pois essa mutação pode estar associada a uma evasão de anticorpos formados contra outras linhagens do vírus.
A Região Metropolitana de Porto Alegre concentra o maior número de casos, por isso a análise do genoma (conjunto de todos os genes de um ser vivo) ajuda a entender melhor a situação e as cadeias de transmissão locais do vírus. Os estudos, que contam com amostras do Rio Grande do Sul, trazem preocupações devido à possibilidade de dispersão desta mutação para outros Estados e países vizinhos.
Os pesquisadores estão conduzindo, também, experimentos in vitro na nova linhagem encontrada, incluindo isolamento viral e investigação sobre neutralização por anticorpos presentes no soro de pacientes infectados e recuperados.
Coinfecção
Dois casos de infecção simultânea por vírus com genomas distintos em uma mesma pessoa foram encontrados nos estudos. A chamada coinfecção envolveu a variante E484K que ainda não havia sido descrita até o momento. Apesar da coinfecção, ambos pacientes tiveram um quadro de Covid-19 leve e moderado e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização.
Sobre a pesquisa
Foram coletadas e selecionadas 92 amostras de pacientes com faixa etária de 14 a 80 anos de idade, sendo 50% homens e 50% mulheres.
O material genético foi coletado pelo Laboratório de Microbiologia Molecular, da Universidade Feevale, que recebe amostras clínicas de pacientes de 40 municípios do RS. A amostragem é feita por profissionais da saúde dessas cidades e é enviada ao laboratório, juntamente com outras informações dos pacientes, como a idade, sexo, sinais clínicos e possível contato com casos suspeitos ou confirmados do vírus. Posteriormente, as amostras foram enviadas ao Laboratório do Rio de Janeiro para a realização do sequenciamento genético e análises de bioinformática.
Gravidade
As pesquisas concluíram que a linhagem VUI-NP13L não se evidencia mais grave que outras mutações que estão em circulação. A conclusão se deu através de observações das apresentações clínicas dos pacientes. A questão sobre a transmissibilidade ainda não foi concluída.