Pais e médicos devem ficar atentos aos sinais que podem indicar a presença da doença
Ao contrário dos adultos, o câncer infantil não está associado, na maioria dos casos, a fatores ambientais e não depende da exposição aos fatores de risco como tabagismo, radiação solar, álcool e obesidade. Geralmente, o câncer na criança e adolescente tem origem desconhecida No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) são registrados 12 mil novos casos de câncer infantil ao ano.
Quando comparado aos números em adultos pode parecer pouco significativo, porém hoje a doença já ocupa a segunda causa de morte na população entre 1 e 19 anos. Segundo a Dra. Helen Seibert, oncopediatra da AMO Criança, os três tipos mais comuns de câncer em crianças e adolescentes são a leucemia, que afeta as células que atuam na defesa do organismo; linfomas e tumores do sistema nervoso central.
Para a médica, além de seu papel fundamental em um eventual tratamento, pais e responsáveis devem ficar atentos a sintomas que são recorrentes, progressivos e não desaparecem com facilidade. “O diagnóstico precoce do câncer infantil na criança torna-se mais difícil para o médico em geral pela inespecificidade de seus sinais e sintomas, os quais podem ser similares a uma série de outras doenças mais frequentes. Por isso é muito importante estar atento aos sinais e sintomas”, explica a Dra. Helen, que ainda enfatiza “cerca de 80 % das crianças e adolescentes acometidos pelo câncer podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados”.
ATENÇÃO AOS SINTOMAS
Se por um lado o câncer em adultos está ligado ao envelhecimento, tabagismo, álcool, entre outros riscos de exposição, o câncer na infância não tem relação com fatores ambientais e de estilo de vida. Por esse motivo, é muito importante o diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento. Fique atento a alguns sinais e sintomas, como:
- Perda de peso contínua e inexplicável;
- Dores de cabeça com vômito de manhã;
- Aumento do inchaço ou dor persistente nos ossos ou articulações;
- Protuberância ou massa no abdômen, pescoço ou qualquer outro local;
- Desenvolvimento de uma aparência esbranquiçada na pupila do olho ou mudanças repentinas na visão;
- Febres recorrentes não causadas por infecções;
- Hematomas excessivos ou sangramento, geralmente repentinos;
- Palidez perceptível ou cansaço prolongado.
Era uma vez uma pequena guerreira
Primeiro foi um pequeno desequilíbrio para correr. A suspeita era de que Laura Chionha, então com nove anos, estava passando tempo demasiado brincando no computador e no celular.
A seguir, em maio de 2018, uma queda na escola resultou em um olho roxo e parte do rosto inchado. Como a menina não se queixava de dor, a mãe, Marciana Melo, contentou-se com duas visitas à emergência do hospital. Os médicos, por exames simples, como raio X, indicaram que Laura não tinha “nada grave”.
O desequilíbrio deveria ser “por falta de atividades físicas”. Um mês depois o problema não estava resolvido. O inchaço já havia desaparecido, mas o sangue no olho preocupava os pais.
Sinais inespecíficos
A real causa dos sintomas foi descoberta poucos dias depois, quando, por destino, como diz a mãe, Laura, tinha uma consulta marcada com a pediatra. “Quando a levei na consulta, comentei do desequilíbrio e como ela era uma criança ativa não havia como ser resultado de sedentarismo. A médica teve uma desconfiança encaminhou para o neurologista e oftalmologista”.
Na consulta com o oftalmologista foi descartada a possibilidade de doenças oculares. O diagnostico veio após uma ressonância magnética solicitada pelo neurologista. “Quando saiu o resultado, uma inflação no cérebro, o susto foi grande. Mas como era uma mancha e não um tumor, a orientação foi esperar dois meses para ver como a nódoa iria se desenvolver”, relembrou Ademar Chionha, pai de Laura.
Segundo Marciana, dois meses depois, em dezembro de 2018, ao retornarem ao Hospital Santa Casa, em Porto Alegre a mancha havia progredido para um tumor cerebral identificado como meduloblastoma grau IV maligno de 7cm. “Como o diagnóstico foi precoce, graças ao tombo que ela levou na escola, o tratamento começou rápido. Antes mesmos dos sintomas aparecerem”.
Em janeiro de 2019, Laura passou por duas cirurgias. A primeira de sete horas de duração para a retirada do tumor. Dois dias depois foi submetida a outro procedimento cirúrgico para colocar um dreno na cabeça, para a drenagem da hidrocefalia, resultante da primeira cirurgia. E longos 17 dias na UTI. Logo após a recuperação começaram as 31 sessões de radioterapia e sessões semanais de quimioterapia que a estudante do 5º ano da Emef Dona Augusta, enfrentou com garra e coragem. “Ela nunca reclamou de nada, dos remédios, da dor, muito menos dos exames demorados e desconfortáveis. Ela se manteve sempre forte”, emociona-se Ademar.
Corrente do bem
O acompanhamento da pequena guerreira do bairro Dona Augusta vai prosseguir pelos próximos dois anos, com viagens semanais para Santa Casa em Porto Alegre até maio de 2020, quando terminam as sessões de quimioterapia. O pai que é industriário teve que pedir demissão para acompanhar a filha durante o tratamento e a mãe, cabeleireira tenta encaixar as clientes nos horários que está em Campo Bom. A família precisa de ajuda para arcar com os gastos com transporte, alimentação e estadia na capital durante o tratamento.
Como ajudar
Banco: Bradesco
Agência: 7176-5
Conta: 6737-7
Titular: Ademar Chionha