Roberto Atkinson, nascido em Campo Bom em 1969, é uma figura central na preservação da memória histórica da cidade. Com 35 anos de experiência na indústria e uma formação em História pela Unisinos, Atkinson atualmente desempenha múltiplos papéis: historiador e museólogo no Clube 15 de Novembro, presidente da Associação Pró-Memória de Campo Bom, do Instituto Gaúcho de Genealogia e Imigração (IGGI), e do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Campo Bom. Além disso, participa das diretorias da Academia de Letras dos Municípios do Rio Grande (ALMURS) e da Associação Literária de Campo Bom (ALCB).
Desde 2004, ele e a Associação Pró-Memória de Campo Bom têm trabalhado incansavelmente para criar uma casa da memória na cidade. “Estamos tentando montar uma casa da memória em Campo Bom desde 2004, para que a cidade não perca sua memória”, afirma Atkinson.
A exposição e seus projetos
Uma exposição, que está aberta ao público desde 13 de maio até 28 de junho de 2024, no Espaço Cultural Dr. Liberato, na Rua dos Andradas, 67, é um testemunho vivo dessa dedicação. O espaço cultural, que funciona de segunda a sexta das 8h às 18h e aos sábados das 8h às 12h, oferece uma rica imersão na história da imigração germânica em Campo Bom.
O primeiro projeto é a exposição em si, onde os visitantes podem encontrar a listagem dos primeiros imigrantes germânicos que chegaram a Campo Bom. “Uso o termo germânico, pois não podemos chamar de imigrantes alemães, já que a Alemanha só surgiu como estado em 1871”, detalha Atkinson, enfatizando a diversidade dos estados germânicos de onde vieram esses imigrantes.
Arte e história germânica
A exposição também apresenta obras de Estephanio Fusbach, um autodidata filho de imigrantes alemães que se estabeleceram em Campo Bom em 1939. Fusbach, que produziu cerca de 3800 quadros, pintava sobre tábua, Eucatex e tela de algodão. Outro destaque é a trajetória do arquiteto José Franz Seraph Lutzenberger, imigrante alemão que se estabeleceu em Porto Alegre em 1925 e foi um dos fundadores do Instituto de Belas Artes de Porto Alegre. Lutzenberger é famoso por suas séries de cartões postais que retratam a história do Rio Grande do Sul.
Economia e evolução social
A exposição também mergulha na história econômica de Campo Bom, destacando suas quatro fases principais: a agrícola, das olarias, da indústria calçadista e a atual fase de diversidade econômica. Ele detalha como os primeiros imigrantes germânicos, que chegaram em 1825, iniciaram a fase agrícola. Em seguida, veio a fase das olarias, a partir de 1890, seguida pela ascensão da indústria calçadista por volta de 1940, que dominou até 1995. Atualmente, Campo Bom vive uma fase de diversidade econômica.
Educação e cultura
Desde o início, os imigrantes germânicos valorizaram a educação e a sociabilidade. Em 2 de fevereiro de 1828, fundaram a primeira Comunidade Evangélica do sul do Brasil e a primeira escola, que hoje é o Colégio Sinodal Tiradentes. “Uma outra característica dos imigrantes era sua sociabilidade, pois muitas coisas realizavam em forma de mutirão, como a construção das casas”, explica Atkinson.
Fala histórica e educação
O segundo projeto da exposição é uma palestra de Atkinson sobre a imigração germânica, que se estende até o final do ano. Nesta palestra, ele discute as causas da imigração germânica para o Brasil e o desenvolvimento de Campo Bom em suas dimensões geográfica, política, religiosa, cultural e econômica. As palestras são especialmente voltadas para turmas escolares previamente agendadas, oferecendo uma oportunidade educacional valiosa.
A exposição não só celebra a herança germânica, mas também reforça a importância de preservar e compreender a história local. Em cada artefato, quadro e documento, encontra-se um pedaço da alma de Campo Bom, guardado para as futuras gerações entenderem e apreciarem.
A dedicação de Roberto Atkinson e de todos os envolvidos na preservação da memória de Campo Bom é um exemplo brilhante de como o passado pode iluminar o presente e inspirar o futuro.