Voluntários transformam compromisso em ação

A união que salva vidas e reergue comunidades

No dia 3 de maio, um evento inesperado transformou a vida de Ueliton Filipe dos Santos Dave, conhecido como “Tom”, um consultor de relacionamento de 29 anos que mora no Centro de Campo Bom. Quando a casa de um familiar foi atingida pela maior enchente já registrada, Tom foi solicitado para ajudar na retirada dos móveis. Esse chamado inicial se transformou rapidamente em uma maratona de solidariedade. “Naquele mesmo dia, eu já estava na sexta ou sétima casa ajudando a retirar os móveis de outras famílias”, relembra.

O desafio de ser voluntário

Tom enfrentou desafios físicos e emocionais durante esse período. Além de manter sua rotina pessoal, ele se dedicava intensamente ao voluntariado, ajudando no café dos desabrigados, organizando doações e até realizando fretes pelos bairros e cidades afetadas. “Houve um momento que familiares e até a psicóloga me alertaram para cuidar do meu mental, pois era prioridade também”, conta Tom, refletindo sobre a necessidade de equilíbrio.

Ele compartilhou um episódio marcante envolvendo uma senhora humilde que, apesar das dificuldades, trouxe duas sacolinhas de café como forma de contribuição. “Aquilo me impactou demais e ali eu entendi que nunca estamos sozinhos”, disse Tom, destacando a solidariedade que transcende classes sociais.

A força da comunidade

Marina Proença, empresária e micropigmentadora de 33 anos, também se engajou profundamente nas ações de ajuda. Proprietária da Aura Concept Clínica Estética em Canoas, Marina ficou inicialmente paralisada pelo impacto da tragédia, mas logo se uniu aos esforços voluntários. “Foi uma forma de transformar a compaixão em ação, sair da minha zona de conforto e procurar fazer algo que estivesse ao meu alcance”, explica.

No Ginásio do CEI, ela participou ativamente da triagem e distribuição de roupas, alimentos e outros produtos essenciais. “Recebemos todas as doações, organizamos e distribuímos para a comunidade necessitada, atendendo também outras cidades como Guaíba, Canoas, São Leopoldo, entre outras”, detalha Marina.

Marina admite que conciliar sua vida pessoal com o trabalho voluntário foi um desafio. “Deixei minha vida pessoal de lado e foquei nos que mais precisavam naquele momento”, revela, mencionando que dedicou 15 dias consecutivos, com jornadas de mais de 12 horas, ao voluntariado.

Impactos emocionais

Durante esse período, Marina foi profundamente tocada por histórias comoventes, como a de uma criança traumatizada que veio de Canoas. “Acredito que ela tenha visto gente morta, e isso me impactou profundamente”, compartilha.

Tom também destaca a importância da gratidão e da união na superação dessas adversidades. “Muita gente não tem noção do que representa a sua ajuda, mas isso está sendo suficiente para salvar vidas e famílias”, afirma, agradecendo o apoio de amigos e familiares.

“A dedicação diária no voluntariado é algo que precisa ser exaltado”, conclui Tom, enquanto Marina expressa sua gratidão a todos os anjos que se juntaram nessa causa. A união e a solidariedade mostradas em Campo Bom são um exemplo poderoso de como a ação coletiva pode transformar a realidade em tempos de crise.

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