Com raízes na Escola de Arte-Educação de Campo Bom, a violinista Maiara Mayer é uma das selecionadas para evento que reúne talentos de todo o mundo.
Foi com um violão antigo, herdado por acaso pela família, que a paixão pela música começou a despertar na pequena Maiara Mayer, nascida em Campo Bom e hoje com 22 anos. Ainda criança, encantou-se com o som do violino nas aulas da Escola de Arte-Educação, onde cresceu musicalmente ao longo de mais de uma década. Agora, essa mesma paixão está prestes a cruzar oceanos: Maiara foi selecionada para representar o Brasil na 67ª edição do tradicional Festival de Música de Pommersfelden, na Alemanha.
A conquista veio por meio de uma bolsa oferecida pelo prestigiado Mozarteum Brasileiro, instituição de São Paulo que promove intercâmbios e apoia jovens talentos da música clássica. O processo seletivo envolveu a avaliação de vídeos por uma banca internacional. Entre os escolhidos, apenas dois músicos são do Rio Grande do Sul e Maiara é um deles.
Atualmente, ela mora em Porto Alegre, onde cursa Bacharelado em Música com habilitação em Violino pela UFRGS, e se dedica intensamente aos estudos e à prática do instrumento. Mas é em Campo Bom que estão suas raízes e também seus maiores incentivadores: Ana Bernadete Konzen Mayer e Danilo Antonio Mayer, pais orgulhosos e assinantes do Jornal A Gazeta há mais de 30 anos, foram quem nos procuraram para contar a trajetória da filha.
“Foi difícil acreditar. Eu nunca viajei tão longe, e poder viver essa experiência por meio da profissão que escolhi é incrível”, conta Maiara.
O interesse pela música surgiu ainda na infância, quando um violão chegou por acaso até a família. “Eu ficava ‘fazendo barulho’ com ele, e então iniciei as aulas. Lá na Escola de Arte, eu tinha amigos que tocavam violino, e surgiu meu interesse. Pegava o violino deles emprestado e já ia tentando tocar algumas notas. Desde então, nunca mais parei.”
Além da estrutura, dos concertos e das aulas, Maiara destaca a força dos vínculos afetivos criados no ambiente. “Foi o começo de tudo, lá tive meu primeiro contato com esse universo gigante da música. A prática de orquestra com a Orquestra Jovem de Campo Bom foi essencial nesse processo. Destaco também o apoio e incentivo dos meus queridos professores, em especial o Jhonas Hollerbach, Márcio Riegel e Rondineli Lopes.”
Já em Porto Alegre, ao ingressar na UFRGS, Maiara mergulhou de vez no universo do violino. “Têm sido uma mistura de descobertas e desafios pelos quais eu me encanto cada vez mais. É fascinante como sempre há algo novo para aprender.” Ela faz questão de citar o nome de seu professor na universidade. “O acompanhamento do Camilo da Rosa Simões tem sido uma fonte constante de inspiração ao longo dos anos.”
O caminho, porém, exige muito além de talento. “Estudar um instrumento não é fácil. É preciso disciplina, dedicação e autoconhecimento. Além dos desafios técnicos, enfrento dores e inflamações nas mãos e braços. Porém, eu também aprendo muito com isso, principalmente a me conhecer e saber exatamente o que eu preciso fazer, tanto na rotina, quanto com o instrumento, para superar essas situações. ”
Apaixonada pelo repertório erudito, Maiara valoriza tanto os grandes compositores quanto o prazer de tocar em grupo. “É um repertório vasto e rico, cheio de histórias. Amo tocar em diferentes formações duos, trios, quartetos, orquestras, é muito especial compartilhar a música com colegas e amigos.” Fora do palco clássico, ela também encontra inspiração na Música Popular Brasileira, que faz parte da sua trilha sonora pessoal.
Em julho, ela embarca para a Alemanha. O festival, realizado no Castelo de Weissenstein, em Pommersfelden, reúne músicos de vários países em uma experiência intensa de troca cultural e prática orquestral. “Acredito que essa vivência musical será algo que levarei para o resto da vida. Vamos tocar grandes obras para orquestra e aprender com professores incríveis.”
Mais do que uma viagem, a experiência é símbolo de transformação. “Me sinto feliz em representar Campo Bom e o Brasil. É um exemplo de como a música pode nos levar além do profissional, ela transforma vidas e pode transformar uma sociedade inteira. Por isso é tão importante incentivar e valorizar a arte desde cedo.”
Ao falar com os jovens músicos que estão dando os primeiros passos, Maiara transmite o que carrega no próprio olhar: brilho e coragem. “Se a música é um desejo, que tenham coragem e brilho no olho. Esses fatores são fundamentais na nossa jornada musical.”
Sobre o futuro, ela deixa em aberto, com sabedoria. “Quero aproveitar todas as oportunidades que eu tiver acesso. Porém, acredito que o Brasil é um país que precisa de pessoas para fazer as transformações das quais ele precisa, especialmente na área de música e cultura como um todo. Mas a vida passa sempre por constantes mudanças, então não costumo fazer muitos planos a tão longo prazo.”
O que é o Mozarteum?
O Mozarteum Brasileiro é uma associação cultural sem fins lucrativos, fundada em 1981 em São Paulo. Reconhecida por promover a música clássica no Brasil, a instituição oferece concertos, festivais e bolsas de intercâmbio com renomadas instituições do mundo. A seleção de Maiara faz parte desse esforço de revelar talentos brasileiros para o cenário internacional.