Uma corrida pela inclusão

Angélica Spengler/AG

Corredor e deficiente visual, Eduardo Augusto Scheffer, busca ajuda para poder participar da São Silvestre

Por meio de uma simples corda e um gesto altruísta, a inclusão ocorre todos os dias em Campo Bom. O corredor e deficiente visual, Eduardo Augusto Scheffer, de 24 anos, se prepara para mais um dia de treino na pista de atletismo, que ocorrem de segunda a sábado. Para isso, ele conta com o apoio de doze guias voluntários, que seguram na outra ponta da corda e emprestam a visão para ele poder fazer o que mais ama: correr.

Mas se engana quem pensa que apenas Eduardo é beneficiado nessa ação. “Ser guia dele é bom, tu tem que emprestar a tua visão para ele e, ao mesmo tempo, ele já tem o dom de correr e eu aprendo muito com ele. Me sinto privilegiado em poder ser guia dele, porque ele é uma pessoa que sempre te coloca para cima, está sempre te puxando. Acho gratificante poder ajudar e, ao mesmo tempo, ele me ajuda”, explica um dos guias, Leonardo Cruz Patron, de 47 anos.

A história de Eduardo na corrida iniciou há dois anos e já é um sucesso. Ele realizou quatro etapas do circuito Sesc, o circuito Decathlon, a maratona de Gramado, a meia maratona de Porto Alegre, a corrida da Arezzo e o principal objetivo dele é participar da São Silvestre. “Tem uma vaquinha com uma chave pix, o valor total é R$ 4.000,00, eu preciso fechar 100% dela para ir. A corrida é dia 31 de dezembro, a largada é às 8h da manhã. Estou ansioso pela corrida e treinando de segunda a sábado”, explica ele. Quem quiser auxiliar o Eduardo a conquistar esse sonho, pode acessar a vaquinha clicando aqui.

Quebra de barreiras

Eduardo não nasceu deficiente visual. Tudo começou aos seus 14 anos, quando foi diagnosticado com retinose pigmentar, que causou nele uma baixa visão. Em vez de buscar um auxílio e decidir ficar isolado em casa, ele reagiu, aprendeu o braile, descobriu sua paixão por correr e buscou um emprego. ”Ao longo da trajetória foi se ajeitando as coisas e agora estou vivendo essa história bonita, correndo com vários guias, trabalhando e alcançando a cada dia os meus objetivos”.

Força de vontade

O atleta deixa uma mensagem para outras pessoas que tenham algum tipo de deficiência e queiram praticar algum esporte, assim como para as famílias “Se outras pessoas com deficiência querem praticar algum esporte, isso só depende delas. Muitos pais acabam travando os filhos, por pensar o que a sociedade falará do filho deles. O pessoal com alguma deficiência acaba ficando trancado num canto, ganha um benefício e fica em casa sem ver ninguém, conversar, aprender coisas novas. Se ficar 24h em casa trancado, o que tu entrega para a sociedade?”, conclui Eduardo, mostrando a importância de manter um pensamento otimista, apesar de todos os desafios.

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