Quadradinhos que Aquecem: O poder solidário da coletividade

Giordanna Vallejos/AG

Qual a diferença que um quadradinho de tricot faz para aquecer as pessoas carentes no inverno? Sozinho, quase nenhuma. Porém, quando mais quadradinhos se somam a este, são criadas cobertas e um projeto que impacta positivamente diversas vidas. É com essa potencialidade do coletivo, que o projeto solidário Quadrinhos que Aquecem distribuiu mais de 3.400 peças de roupas e cobertas no ano passado.

Composto por 38 mulheres, o grupo se reúne todas as quartas-feiras, das 14h às 16h e é organizado pela Fonte de Luz, da religião espírita, no Centro da cidade. O projeto começou em 2018, com um grupo de amigas que queriam fazer cobertinhas de tricot para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social.

“A ideia era cada uma que participava, fazer um quadradinho e esses quadradinhos seriam agregados um no outro, até formar uma coberta. Depois foi ampliando, fomos fazendo casaquinhos para bebês, cobertinhas para bebês, toucas, mantas. Fizemos doação em asilo, em casas de menores abandonados, fomos em vários lugares. Nós também fazemos um trabalho de evangelização, baseado no evangelho segundo o espiritismo, mas levamos para a vivência de cada uma, conforme a sua religião, com a sua fé”, disse a coordenadora, Fátima Celeni dos Santos.

A importância das doações

Para fazer os quadradinhos, o grupo utiliza bolinhas de lã doadas, assim como também aceita doações de peças de lã, que podem ser desmanchadas e refeitas. Para entregar as doações, é possível deixá-las diretamente na sede do Fonte de Luz, na Rua Aimoré, 86 – Centro.
Como alguns blusões são feitos de diversas bolinhas de lã, eles ficam coloridos e muito bonitos, refletindo o amor ao próximo, que existe desde a doação do material, até as mãos que trabalham por dias sem parar.

Mudanças pós-pandemia

Antes da pandemia, eram mais de 50 participantes. Porém, com a chegada da covid-19 e a necessidade de isolamento, muitas deixaram de participar. Dessa forma, até hoje as entregas das doações são centralizadas apenas em algumas voluntárias, sem saídas para hospitais ou asilos. Algumas também optam por tricotar em suas casas e doar depois os quadradinhos.

Acolhimento e afeto

Durante o encontro, as participantes tricotam juntas, conversam e tomam chá. Esse acolhimento é de extrema importância, não apenas para concretizar um trabalho voluntário, mas também para a formação de vínculos. “O tricot e o crochet é uma terapia. Temos uma costureira que não sabia tricotar e conosco ela aprendeu, elas são acolhidas aqui, se sentem bem. Fazemos uma conversa quando elas não estão bem. Os filhos casam e ficam as mães sozinhas em casa e muitas ficam adoecendo, elas precisam ter essa convivência, elas podem se sentir úteis e fazer um trabalho de caridade”, disse a coordenadora Rosângela Riegel.

Onde encontrar

Segundo a coordenadora Liane Corrêa da Silva Lorenzi, o grupo é aberto para participação de homens e mulheres, de qualquer idade. Para participar não precisa se inscrever, basta ir à reunião, no Fonte de Luz, às quartas-feiras, das 14h às 16h. E se engana quem pensa que é preciso saber tricotar. O próprio grupo ajuda quem tiver a disposição de aprender e fazer parte de um projeto que com a força da coletividade, colabora para uma cidade mais solidária.

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