Presença de doulas junto às mães pode ser assegurada por lei municipal

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O impacto positivo do acolhimento e da informação na hora do parto é enorme diante de uma realidade brasileira que ainda, tristemente, ostenta altos índices de violência obstétrica. A pesquisa “Nascer no Brasil”, da Fiocruz, mostra números impressionantes: 36% das entrevistadas sofreram manobra de Kristeller em seus partos (pressão no útero para saída do bebê), a qual é contraindicada pelo Ministério da Saúde por não ser eficaz e poder provocar sérios danos para a mulher e para o bebê, como rupturas de costelas e hemorragias.

As cesarianas sem base científica também são expressivas no país. Por aqui, 55,5% dos nascimentos são por cesárea; em hospitais particulares, o índice pode atingir 84%. Nos EUA, outro país com porcentagens elevadas, o número não passa de 33%.

Conhecidas por serem profissionais que atuam diretamente na garantia do respeito à gestante, oferecendo métodos não farmacológicos de alívio da dor e escuta sobre o que a mulher deseja, as doulas são qualificadas para atender em casas de parto, hospitais e em partos domiciliares.

Proposta pode virar lei

Em Campo Bom irá à votação na Câmara de Vereadores no dia 1º de junho um projeto de lei idealizado por duas defensoras do parto humanizado, a campo-bonense Fernanda Henz e a doula e educadora perinatal Lorraine Godoi. “Há anos estudo e defendo a humanização no parto e na gestão, que nada mais é que o respeito a mulher, as suas escolhas e um atendimento acolhedor. Em 2019, após seis anos tentando engravidei da minha primeira filha e fiz todo o pré-natal pelo SUS onde recebi um bom atendimento. Mas infelizmente aos cinco meses de gestação tive um parto prematuro e minha filha não resistiu. Ao me despedir dela prometi que não mais me omitiria e lutaria pelo que acredito e eu acredito muito no SUS”, revela Fernanda.

A proposta recebeu o apoio dos vereadores Tiago Souza e Victor Souza (PCdoB) que protocolaram o projeto de lei que será apreciado pelos parlamentares. Se aprovado, vai ser encaminhado para o prefeito Luciano Orsi sancionar ou vetar. “O projeto obriga as redes públicas e particulares de saúde do Município a permitirem a entrada de doulas durante o período de pré-natal, trabalho de parto, parto e pós-parto em período de internação, sempre que solicitado pela gestante”, comenta o vereador Tiago Souza, que esclarece que o projeto não obriga ninguém a ter doula, nem o município a oferecer doula para as gestantes, apenas garante a toda gestante o direito a receber assistência humanizada durante o parto e nascimento nos hospitais e maternidades das redes pública e privada de Campo Bom.

A iniciativa também recebeu apoio da Secretaria de Saúde e do Conselho Municipal de Saúde de Campo Bom.“Nos reunimos com a secretária de Saúde, Suzana Ambros Pereira, a qual nos deu total apoio na nossa caminhada, assim como o Conselho Municipal de Saúde. Expomos os benefícios das doulas para o Sistema e também recebemos um grande apoio dos conselheiros e na próxima semana a conversa será com a direção do Hospital Dr. Lauro Reus”, detalhou Fernanda.

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