PRÊMIO RBS: Com criatividade, professora incentiva a leitura

Joceline Silveira/AG

A professora Simone Silva da Silva, da Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho de Campo Bom, está na final do 7º Prêmio RBS de Educação, na categoria Escola Pública. A docente é responsável pelo projeto “Holocausto e os Discursos de Ódio”, desenvolvido com alunos do 9º ano.

A campo-bonense formada em História pela UFRGS e com mestrado na mesma instituição, atua há dez anos na rede pública municipal, oito deles, dedicados à escola do bairro 25 de Julho, onde desde o ano passado desenvolve o projeto que estimula a leitura e o senso crítico dos estudantes.

Leituras, teatro e cinema

Dentro do cronograma curricular dos alunos do último ano do ensino fundamental, a 2º Guerra Mundial despertou o anseio de ir além na educadora, que desejava despertar o hábito pela leitura e a autocrítica social nos adolescentes. “Não queria apenas passar o conteúdo de forma maçante, rígida e cansativa. A ideia era tornar a aula aberta, criativa e estimulante. Colocar uma pulguinha atrás da orelha deles que instigasse a pesquisa e a leitura”, relembrou Simone.

Associando a temática, a professora propôs a leitura do livro O Diário de Anne Frank, de 1947, considerado uma das obras mais importantes do século XX narra os sentimentos, medos e as pequenas alegrias de Anne, uma menina judia que, como sua família, lutou para sobreviver ao Holocausto. Após a leitura e discussão em sala de aula, o livro virou peça de teatro, interpretado pelos alunos que também assistiram o filme alemão sobre a vida da pequena judia. “O fechamento do projeto aconteceu com a palestra de três sobreviventes do Holocausto, que vieram à Campo Bom conversar com a turma. Foi um momento único, forte e histórico”, relembrou Simone, que frisou ainda a importância da visita dos sobreviventes ao município. “As lembranças da época não são boas, mas foi um choque de realidade para que isso nunca mais aconteça. Hoje em todo o mundo há cerca de 300 sobreviventes ainda vivos, ter o privilégio de conhecer três deles, lúcidos e com saúde foi algo que marcou a vida de todos nós”, relembra a professora.

Eleições 2018

Apenas no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 o número de denúncias de discurso de ódio ou intolerância na internet, mais que dobraram em relação ao pleito de 2014 – passaram de 14.653 para 39.316. Os dados mostram que durante os 21 dias que separaram as duas votações, as denúncias com teor de xenofobia cresceram 2.369,5%, de apologia e incitação a crimes contra a vida, 630,52%, de neonazismo, 548,4%, de homofobia, 350,2%, de racismo, 218,2%, e de intolerância religiosa, 145,13%.

Todas essas manifestações foram levadas pelos próprios alunos para dentro da sala de aula, que começaram a encontrar semelhanças entre o livro escrito em 1947 e os dias atuais. “A discussão foi aberta pelo anseio deles em entender como uma obra escrita há mais de 70 anos continha um teor tão atual. Como tudo que aconteceu durante a II Guerra estava eclodindo em discursos de intolerância, racismo, xenofobia e homofobia. Despertar esse senso crítico nos alunos foi o grande ápice do projeto, pois estamos tornando esses jovens cidadão”, relembrou Simone.

Prêmio RBS de Educação

Realizado pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, o concurso tem apoio técnico do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). O objetivo é estimular práticas de mediação e incentivo à leitura em diferentes áreas do conhecimento, como literatura, matemática, artes e ciência. Neste ano, foram inscritos 231 trabalhos de instituições de ensino de todo o Rio Grande do Sul. “Pelo segundo ano, temos professores da rede municipal finalistas no Prêmio RBS Educação. Em 2018, com a professora Ana Aline, da EMEF Presidente Vargas, vencedora, e, neste ano com a professora Simone. É um reconhecimento ao trabalho sério e competente dos professores junto aos alunos. Parabéns professora Simone. Estamos juntos nesta conquista. Vamos votar, votar, votar”, afirmou a secretaria de Educação e Cultura de Campo Bom, Simone Schneider.

A professora campo-bonense disputa o prêmio com outros nove professores, de diferentes municípios do Estado. A população pode votar na docente clicando aqui

A etapa final tem 20 projetos selecionados: 10 de escola s públicas e 10 de escolas privadas. Interessados podem participar indicando suas iniciativas favoritas no site do prêmio. O período para votar se encerra em 30 de outubro.

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