PIBID: o diálogo entre a universidade e a escola

Joceline Silveira/AG

Projeto desenvolvido em três escolas municipais influencia no desenvolvimento educacional de Campo Bom

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um projeto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que incentiva estudantes de cursos de licenciatura para o planejamento e execução de atividades pedagógicas em escolas públicas de Educação Básica, aprimorando sua formação e contribuindo para a melhoria da qualidade dessas escolas. Em Campo Bom uma parceria entre a Universidade Feevale e a Secretaria de Educação e Cultura (SMEC) desenvolve o PIBID há cerca de um ano e meio no contraturno escolar nas EMEFs Presidente Vargas, Morada do Sol e 25 de Julho, proporcionando oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas, e prática docente inovadoras e interdisciplinares que buscam a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. “O PIBID para o município é um ganho, em dois sentidos: à formação do futuro professor e às escolas, qualificando sempre mais a educação, com práticas pedagógicas diferenciadas, que despertam o interesse dos alunos, aprofundando, assim, o conhecimento”, afirmou a titular da SMEC, Simone Schneider.

COMO FUNCIONA

Cada escola conta com cerca de cinco acadêmicos, acompanhados de um professor supervisor da escola, com planejamento e supervisão também da Universidade. As ações que estão sendo colocadas em prática foram elaboradas por cada instituição, de acordo com suas necessidades, contemplando o subprojeto “Para reinventar o mundo, práticas interdisciplinares”, onde foram trabalhados três eixos – educação ambiental, diversidade e direitos humanos.

Jogos virtuais como estratégia de aprendizagem e inclusãoEMEF Presidente Vargas

Na escola do bairro Operária a tecnologia foi utilizada para quebrar paradigmas e trabalhar temas como diversidade étnica-racial e direitos humanos. Eles desenvolveram animações e jogos onde esses temas foram abordados de forma lúdica e inclusiva. “Chegamos neste contexto após a discussão sobre representatividade. Questionei os alunos se eles conheciam super-heróis, heroínas ou jogos que tivessem personagens que eles se identificassem como protagonistas. Como não encontramos partimos para a criação”, revelou a professora supervisora Gisele de Aguirres Pereira Após uma visita aos laboratórios do curso de Jogos Digitais da Universidade Feevale para conhecer novas ferramentas para a criação dos games a criatividade dos estudantes foi aguçada e surgiram jogos e animações sobre a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março de 2018, lutando contra a corrupção, índios tentando conter as queimadas na Amazônia e a reivindicação de mulheres para se inserirem no mercado de trabalho em vagas consideradas tradicionalmente masculinas. “Nos surpreendeu o interesse deles por temas tão atuais e pertinentes. Acredito que além de aprenderem a usar os programas de produção e criação estes alunos irão sair do PIBID com uma nova visão sobre a nossa sociedade atual”, comentou o acadêmico do curso de História, Fábio Almeida.

Inclusão de crianças com necessidades especiaisEMEF 25 de Julho

Adotar estratégias educacionais inovadoras dando o exemplo na prática. Esse foi um dos objetivos do projeto desenvolvido na EMEF 25 de Julho com acadêmicos dos cursos de Biologia, Artes Visuais e História da Feevale com um grupo de dez alunos do 6º ao 9º do Ensino Fundamental. Ao abordarem o tema Direitos Humanos os estudantes optaram por trabalhar formas de inclusão dentro da escola, desenvolvendo jogos, atividades e melhorando os espaços da Sala de Recursos da instituição, que atende 12 alunos com necessidades especiais. “Ao debaterem sobre o tema uma nova janela se abriu, eles se deram conta que nem conheciam a Sala de Recursos, quem utilizava e de quê forma ela colabora para o desenvolvimento dos frequentadores”, explica a professora Sandra Brand.
Neste contexto os estudantes desenvolveram jogos que podem ser utilizados para ensinar e aprender de forma lúdica e, simultaneamente, inclusiva. Entre outras coisas, a utilização de jogos para o ensino e a aprendizagem possibilita o desenvolvimento: da coordenação motora, da percepção espacial, da atenção, da concentração, da criatividade, da boa reação a situações desafiadoras, da superação de fases e obstáculos, da escolha e elaboração de atividades, da elaboração de textos e desenhos. “Sem falar no orgulho que dá ver o resultado do nosso trabalho sendo aproveitado da melhor forma possível”, completou a estudante do 9º ano do ensino médio, Julia Dapper.

Iniciativas para promover no desenvolvimento educacional EMEF Morada do Sol

No início do segundo semestre deste ano, quando os Direitos Humanos entraram em debate na Emef Morada do Sol, o Artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) instigou os nove alunos que participam do Projeto PIBID na instituição. O artigo deixa claro que: “Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória…”. Ao analisar o documento com mais de 70 anos os adolescentes descobriram que o sonho de melhorar de vida e ingressar na faculdade não está tão distante assim. “Trouxemos o tema para a realidade deles, para o dia a dia. O que hoje um adolescente projeta para o seu futuro, aonde ele quer chegar. Foi aí que se abriu um leque de possibilidade que eles nem imaginavam que existia. Para muitos alunos concluir o segundo grau era o fim da vida escolar. Mostramos que não, que existem N formas de conseguir bolsas de estudo, financiamentos, descontos universitários e só basta eles estudarem e correrem atrás”, relembra a professora Évilin Kroth Sommer.
Durante os encontros os acadêmicos e a professora buscaram desenvolver atividades que exploraram a interdisciplinaridade, unindo diversas áreas do conhecimento.

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