Pesquisa científica de aluna campo-bonense é selecionada para participar de e-book

Angélica Spengler/AG

Nos últimos anos, o Brasil vivenciou uma progressão no debate público em torno das questões femininas. Temas como assédio, aborto, maternidade e carreira, vêm sendo discutidos amplamente na sociedade e ganhando espaço no cenário político. A luta pelo direito das mulheres vem progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo. Alguns avanços já foram conquistados nas últimas décadas, como o direito ao voto e o direito de serem eleitas. Porém, no que tange a representatividade das mulheres na política, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado.

Tornar a mulher protagonista neste cenário é um desafio tanto para os homens, quanto para as próprias mulheres. Em Campo Bom, uma jovem de apenas 17 anos vem se destacando neste combate e a arma que Fernanda Viana Falkoski, escolheu para essa empreitada foi a pesquisa científica. Aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Sinodal Tiradentes desenvolveu o projeto intitulado “Tempestade ou tempo firme: análise histórica e política sobre a presença de democracia no Brasil”, nele a estudante tratou sobre a democracia em uma linha de tempo, passando por todos os períodos da História brasileira, sobretudo, os principais para entendermos a democracia atual no Brasil, como a República Velha.

Através do trabalho, que foi apresentado em diversas feiras no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, a jovem foi convidada pela editora paranaense Atena para publicar e integrar o e-book Sentidos e Sujeitos: Elementos que dão consistência a História junto com outros jovens pesquisadores de todo o país. “Acho que surpresa nem descreve a forma como eu fiquei ao ler o e-mail. Quando eu li o título do e-mail e o remetente, primeiro eu achei que fosse spam e depois prontamente mandei para os meus orientadores, professora Denise Capellari e professor Dr. Wilson Krummenauer, ainda brinquei com eles, pedi pra eles me explicarem o que estava no e-mail pois achava que não tinha entendido, e realmente não tinha mesmo, a ficha não caiu, até agora na verdade, acho que eu ainda não me dei conta da dimensão que isso tem para o meu futuro. Não esperava nunca chegar tão longe com o projeto, fiquei imensamente grata aos meus professores e a escola por terem, de alguma forma, me proporcionado isso”, recorda Fernanda.

O convite veio após a apresentação do trabalho na 7ª Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas (Febrat), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em outubro de 2019. E deve ser lançado no próximo mês de agosto.

Interesse por história e política moveram a pesquisa

De acordo com a estudante, o projeto começou em abril de 2019 e foi motivado pelo desinteresse da população sobre as Eleições em 2018, as fake news e a representatividade da mulher no cenário político. “Eu sempre gostei muito de história e política, sempre me interessei pelo assunto, mas foi só em 2018, devido as eleições, que eu comecei a de fato pesquisar e querer entender. O despreparo de boa parte dos candidatos e a ignorância da população, independente de qual fosse a opinião ou lado, me deixou extremamente intrigada, eu queria entender o porquê das pessoas serem tão apáticas em relação a um assunto que está 100% presente no nosso cotidiano e tem capacidade pra mudar totalmente o rumo da história”, revela.

Vereadora Mirim

Em conjunto com a pesquisa, a jovem participou no último ano do programa educacional Vereador Mirim, desenvolvido pela Câmara de Vereadores de Campo Bom em parceria com a Secretária de Educação com o objetivo principal aproximar a escola, a sociedade e o poder legislativo. Eleita presidente Mirim do Legislativo pelos outros dez estudantes, das três redes de ensino, Fernanda coordenou o trabalho desenvolvido no projeto. “Ter participado do programa com certeza contribuiu muito para minha pesquisa, e, principalmente ampliou minha visão sobre a importância das mulheres se tornarem mais ativas e presentes no cenário político. Das mais de 77 milhões de eleitoras em todo o Brasil, apenas 9.204 (31,6%) mulheres concorreram a um cargo eletivo nas eleições de 2018, temos que mudar isso”, afirmou.

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