Meninas ampliam representatividade no skate

Arquivo pessoal

Modalidade que estreou nas Olimpíadas de Tóquio abre cada vez mais espaço para o protagonismo de mulheres

Com apenas 3 anos de idade, Lara Vargas, hoje com 12, se apaixonou pelo skate. Sem saber direito o porquê, nas palavras dela mesma, “comecei a andar de skate, me apaixonei e nunca mais parei”. Natural de Campo Bom, atualmente a menina desfila talento pelas pistas de Florianópolis. Com um olhar sempre à frente, inspirada por Sky Brown — skatista nipo-britânica e primeira medalhista de bronze olímpica na modalidade park feminino — Lara sonha com as pistas mundo afora. “Meu maior sonho é viver do esporte e viajar o mundo”, revela.

“Como menina que pratica o esporte, acho que não desistir, mesmo com comentários desnecessários, e não se importar com a opinião dos outros é o mais importante para continuar”, destaca a skatista da modalidade bowl e park.

“O skate significa simplesmente tudo. Minha vida é isso, não consigo mais viver sem andar de skate”

Lara Vargas, 12 anos

Da proibição às Olimpíadas

O skate era um esporte injustiçado. Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, ele finalmente ganhou espaço e se tornou uma modalidade olímpica. No Brasil de 1988, entretanto, o então prefeito de São Paulo, e ex-presidente do país, Jânio Quadros, em decreto publicado no dia 24 de junho, proibiu a prática do esporte no Parque Ibirapuera durante os dias de semana. Tal ação gerou um sentimento de revolta em muitos skatistas. Uma “skateata” foi organizada e, como resultado, Quadros proibiu a prática em toda a cidade paulista. No ano seguinte, quando a nova prefeita, Luiza Erundina, assumiu o posto, revogou a proibição e liberou a prática do skate na maior cidade do país.

Após 33 anos da proibição, representando o Brasil, uma “fadinha” disputou a prova final das Olimpíadas de Tóquio e conquistou seu espaço no primeiro pódio olímpico do skate street feminino. Com apenas 13 anos, Rayssa Leal conquistou sua medalha de prata no dia 26 de julho de 2021, se tornando a 7ª medalhista olímpica mais jovem da história e a mais jovem brasileira em 85 anos. “Eu achei incrível, como menina e como skatista, ter visto a Rayssa participar das Olimpíadas e ser medalhista, por ela ser tão nova e ter esse talento”, diz Lara. “Mostra que todas nós, meninas, somos capazes também. A Rayssa Leal significa a força feminina do skate”, pontua.

Além da “fadinha” e da Lara, diversas outras meninas compartilham o mesmo sonho e paixão, como é o caso de Sofia Godoy, de 14 anos. A jovem é apaixonada pelo esporte desde outubro de 2019, quando um amigo do seu pai a convidou para andar de skate em Sapiranga. “Eu fui andar de roller e pedi para o meu pai para andar de skate, porém eu nunca tinha nem subido em cima de um. Eu simplesmente comecei a embalar e estou embalando desde então”, conta.

Cheia de atitude, a campo-bonense deixa sua marca por onde passa. Com seus cabelos cacheados e com pontas verdes, a menina conquistou diversas vitórias e fãs em 2021, mesmo ano do sucesso da “fadinha”. “Foi muito legal ver a Rayssa conquistar o pódio, isso me motivou mais ainda e me mostrou que é possível realizar esse sonho”, diz.

O sonho de disputar uma Olimpíada

Com o desejo de se profissionalizar, viajar mundo afora e, também, disputar uma Olimpíada, Sofia conseguiu viajar muitos quilômetros do território nacional em competições da Liga Amadora de Bowl, promovida pela CBSk. A menina passou e deu um show em estados como Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, se destacando em meio a centenas de competidores.

Segundo ela, o skate transformou sua vida. “Foi uma mudança enorme, pois era muito tímida antes do esporte e, hoje, me sinto mais à vontade com a galera”, enfatiza Sofia, ao aconselhar cada skatista a não desistir das suas metas no esporte. “Sou grata por cada manobra nova, cada dica recebida, cada amizade que o skate me proporcionou até agora. Obrigada, família skateboard, por me receber tão bem neste esporte”, destaca.

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