Mães que inspiram… Três histórias de maternidade para lembrar o dia delas

Policial, estudante, de fibra, batalhadora e com amor incondicional, conheça Vera, Norma e Márcia

Não é uma regra, mas é bastante comum que a mãe seja a figura mais importante das nossas vidas. Antes de tudo, elas são mulheres com identidades e gostos diferentes, mas se há uma semelhança é um amor difícil de entender, algo entre o primitivo e o sagrado, o animal e o divino. São capazes de superar a si e ao mundo incontáveis vezes pelo bem dos filhos. Para homenageá-las, vamos contar a história de três grandes mães, que comprovam na prática que amor é poder.

Super-heroína dentro e fora de casa

Para a maioria das crianças, os super-heróis são homens que saem às ruas para enfrentar o crime e salvar vidas, seja voando, usando uma máscara ou soltando teias por entre os prédios. Mas em especial para uma família em Campo Bom quem combate os bandidos e salva pessoas de apuros é uma mulher, que nas horas vagas também tem de lavar roupa, fazer a comida e levar as filhas para a escola, resumindo, também fazem o papel de mãe.
A soldado da Brigada Militar Vera Cristina é uma destas “heroínas”. Entre tantos caminhos que ela poderia ter desejado na vida ela escolheu se doar 24 horas por dia, 365 dias por ano. Com família e duas filhas, Vera Cristina, se reveza entre ser mãe, soldado da BM e agente de mudança social.
Se você perguntasse a uma menina o que ela faria quando crescesse, provavelmente ela não te responderia ser policial. Mas a história desta mulher é bem diferente da maioria. Ela escolheu essa que dentre tantas outras profissões que exige o ato diário de se doar em favor de outros, Vera Cristina de Oliveira, 46 anos, soldado e mãe, ainda encontra tempo para trabalhar em um projeto social e ajudar na educação dos filhos de outras mães. Há doze anos a soldado Cristina atua como instrutora do Proerd, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência em Campo Bom. Atualmente seis escolas participam do programa com oito turmas do quinto ano.
A mãe da Victoria de Oliveira, 23, e da Valentina de Oliveira Queiroz, 14, encontrou na maternidade a força para buscar os seus sonhos. “Minha filha mais velha tinha um aninho quando passei no concurso da Brigada e fui destinada para atuar em Montenegro. Ser mãe é ter alguém pra dividir, multiplicar e somar todos os dias, é completar a vida, é esperança e vontade de viver. Ser mãe é a oportunidade mais incrível que Deus nos concede para ser melhor”, define Vera Cristina.

Um Amor extraordinário

Dona de uma alegria contagiante, Márcia Beatriz Lauer, moradora do bairro Paulista em Campo Bom, não consegue esconder sua gratidão a Deus, quando em suas falas, sempre finaliza: “é Graças a Deus que eu venci”. Os 60 anos de vida escondem muitas histórias, mas uma, em especial, ela não deixa passar em branco: “fui mãe de oito filhos”.
O passado trazia muitas dificuldades, principalmente condições básicas de saúde, como um pré-natal e, por isso, não foram todos que sobreviveram. Mas dona Márcia se orgulha em dizer que conseguiu criar sete filhos junto dela. “Criei todos, nenhum separado de mim. Às vezes tínhamos pouco, mas sempre trabalhei e fui atrás”, conta.
Ela recorda das dificuldades, mas afirma que batalhou muito para poder criar os filhos, cinco do primeiro casamento e três do segundo. Mas foi quando Renan, o sexto filho nasceu que a vida da artesã mudou completamente. Com quatro horas de vida o bebê de 2k200g convulsionou pela primeira vez, o que desencadeou uma série de lesões cerebrais. Diagnosticado com deficiência intelectual e epilepsia, o jovem, hoje com 26 anos é acompanhado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Campo Bom. Ele tem muitas limitações, mas ao lado da mãe, criou um modo de viver sem tanto peso, apesar da rotina árdua. “Já ouvi de muita gente que ter um filho com deficiência é um fardo. Mas o Renan nunca foi um fardo pra mim. Quando descobri a paralisia, muitos me falaram para não ter outro filho e não correr o risco de ter outro problema. Pois engravidei mais duas vezes com a certeza que se tivesse outro filho com paralisia, amaria para o resto da vida os meus filhos problemas”, revela.
Os dois vivem uma rotina intensa. Márcia é dona de casa, abandou as aulas que ministrava como artesã e se dedica 100% ao filho. Nas ruas lidam juntos com o preconceito e a rejeição das pessoas, mas sem nenhum cansaço. “O Renan é minha vida, meu presente de Deus. Ele não caminha, mas sou os bracinhos e as perninhas dele. Quero ser para o resto da vida, isso não me cansa”.
Os tratamentos diários proporcionam qualidade de vida a Renan, mas nem por isso ele deixa de viver uma vida normal. “Onde eu vou ele está comigo. Não importa o lugar e a ocasião. Se o meu amor não pode estar, eu nem vou. Faço isso para ele sentir como a gente pode ser feliz, independente das dificuldades. O difícil já passou, só tenho motivos para me alegrar e sorrir ao lado dele”, concluiu.

A jovem mãe que não desistiu dos seus sonhos

“Será que vou dar conta?”. Essa é a insegurança de muitas mães durante o período de gravidez. E também foi para a estudante Norma Cristina Andriollo Mallmann, que aos 16 anos descobriu que seria mãe de uma menina. Foram noves meses de sensações diferentes para a mamãe de primeira viagem que não deixou de lado a busca pelos sonhos e a realização profissional. Seguir estudando ou trancar a matrícula? Essa é a dúvida crucial que aflige estudantes que descobrem que estão grávidas durante a escola. Norma passou por este dilema. Ela viu nos estudos uma oportunidade de mudar de vida. Afastada durante seis meses do colégio aonde cursava o primeiro ano do ensino médio ela não se deixou abater, e conciliou os estudos domiciliares com a chegada da pequena Isabel.
Quando teve Isabel, apesar das dificuldades, Norma nunca pensou em desistir. Sua filha não seria desculpa para não correr atrás dos seus sonhos. Pelo contrário, a maternidade a impulsionou a buscar sempre o melhor, mas sem esquecer o sonho de criança: ser jornalista. Em 2019 ela concluiu o ensino médio e hoje se divide entre o trabalho como assistente de serviços em uma empresa de tecnologia e os cuidados com a filha, hoje com 1 ano e 10 meses. “Este ano vou prestar o Enem, quem sabe não consigo uma bolsa. Com certeza, meus planos mudaram pra melhor, pois qualquer coisa que penso, penso em fazer pra dar um futuro lindo pra ela, antes era pra mim, hoje é pra ela”, comenta com um sorriso no rosto olhando para a pequena em seu colo. “Ser mãe é inexplicável, um amor tão grande que, literalmente, não cabe no peito. Ser mãe é lindo. Todo esforço e cansaço se torna um sentimento de gratidão, pois sem ela nada seria tão desafiador e gratificante”, completou.

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