A doação de órgãos é um ato de solidariedade que pode salvar inúmeras vidas. Em um cenário onde milhares de pessoas aguardam por um transplante, a conscientização sobre essa prática torna-se essencial.
Doenças graves, como insuficiência renal, hepática e cardíaca, podem ser tratadas com transplantes, mas a escassez de doadores ainda é um desafio. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) financia cerca de 86% dos transplantes realizados no país, tornando o programa público brasileiro um dos maiores do mundo. No entanto, a demanda por órgãos ainda supera a oferta, tornando essencial o incentivo à doação.
No ano passado, o Hospital Dr. Lauro Reus registrou duas doações de órgãos. Em março de 2025, a unidade recebeu a equipe da Santa Casa de Porto Alegre para a captação de órgãos de um paciente doador de 51 anos, que doou fígado, rim direito, rim esquerdo e córneas. O procedimento representou esperança para várias pessoas que aguardavam na fila de transplante.
Chaiane Lauer Rosa, coordenadora do Bloco Cirúrgico, CME e Obstétrico, destaca a importância de manifestar o desejo de ser doador à família. “Se a pessoa já tiver conversado abertamente sobre essa vontade, a família se sente mais segura e confortável para tomar essa decisão com mais rapidez e certeza”, explica.
O diretor técnico do Hospital Dr. Lauro Reus, Dr. Marcos Araújo, reforça essa ideia a partir de sua experiência pessoal. Ele perdeu sua primeira esposa em um acidente quando ela tinha 27 anos e decidiu autorizar a doação dos órgãos dela. “A partir do momento em que é constatada a morte cerebral, não faz sentido não querer doar os órgãos. Ao meu ver, é um ato de egoísmo. Independentemente de religião, acredito que todos deveriam considerar essa possibilidade”, afirma. O médico também salienta que a comunicação é essencial: “A decisão era minha como esposo, mas trouxe minha sogra e meu sogro para que juntos permitíssemos a doação. Minha esposa ajudou de cinco a seis pessoas na época”, relembra.
A doação de órgãos no Brasil é regulamentada pelo Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgãos (SNT), que garante transparência e equidade na distribuição dos órgãos, monitorando a lista única de espera. Para ser um doador, é fundamental informar a família, pois a autorização dos parentes é necessária para que a doação ocorra. Campanhas e iniciativas buscam esclarecer dúvidas e desmistificar mitos sobre o processo, incentivando a adesão.
A doação pode ocorrer tanto em vida, no caso de rins e parte do fígado, quanto após o falecimento, permitindo que órgãos vitais sejam aproveitados para salvar vidas. Além de beneficiar os receptores, a doação também gera conforto para as famílias dos doadores, pois saber que a perda de um ente querido resultou em uma nova oportunidade para outras pessoas pode trazer consolo.
A coordenadora do Bloco Cirúrgico, Chaiane Lauer Rosa, agradece esse ato de generosidade. “Eu gostaria de expressar minha gratidão e respeito aos familiares que, em um momento de muita dor, tomam a difícil decisão de autorizar a doação de órgãos de um ente querido. No nosso setor de captação, tratamos cada doação com o máximo carinho e respeito, sabendo o quanto isso representa para a família”, declara Chaiane.
Promover a cultura da doação de órgãos é um compromisso de toda a sociedade. Discutir o tema, buscar informações e incentivar familiares e amigos a manifestarem sua vontade são atitudes que podem transformar vidas. Doar órgãos é um gesto nobre de empatia e compromisso com o bem-estar coletivo
Texto: Patricia Klein – Hospital Lauro Reus