Escola municipal mudou a forma de ensinar e aprender

Foto: Jornal A Gazeta

Imagine uma sala toda ambientada, por meio de recursos didático-pedagógicos, para uma disciplina específica. Identificadas por áreas do conhecimento elas funcionam como uma ferramenta para aproximar os alunos dos conteúdos trabalhados e, tornam mais dinâmicos o processo de ensino e aprendizagem. Esse conceito vem sendo desenvolvido há três anos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Rui Barbosa onde as salas de aula foram transformadas em laboratórios temáticos.

A ideia de tornar o aluno um agente ativo do processo de conhecimento ganhou força no início dos anos 1980, nos Estados Unidos. Os métodos tradicionais já não traziam os resultados esperados. Estudiosos da psicologia cognitiva apontaram que muito pouco do conteúdo ensinado era fixado na memória. Em paralelo, educadores passaram a desenvolver métodos de ensino para a chamada “aprendizagem ativa”.

No modelo convencional são os professores que no final de cada período trocam de sala. Na EMEF do bairro Mezler o processo se inverte. Quando a sirene toca são os 620 estudantes que pegam seus materiais e se deslocam de um laboratório para outro de acordo com a disciplina. “Os métodos ativos transformam as escolas em um ambiente de interação, onde os alunos se sentem mais à vontade para dizer o que pensam, procurando a melhor forma de resolver os desafios. Isso não deixa que o estudante fique parado e o faz se sentir mais motivado a aprender. Na sala de aula, as mesas são transformadas em pequenas ilhas, onde os alunos ficam cara a cara com os colegas e aprendem a trabalhar em equipe”, detalha Lizandra Patrícia Gottlieb, diretora da instituição.

Aluno como protagonista

A unidade adota esta prática desde 2018. Algo que, inicialmente, foi desafiador, hoje é considerado imprescindível na escola. Ao todo são nove laboratórios que abrigam onze disciplinas diferentes para os alunos do 1º ao 9º ano. De acordo com o vice-diretor, Cleber Koch, a implantação desta metodologia trouxe não só ampliação das oportunidades de aprendizagem, mas também o aumento da satisfação docente, redução da indisciplina, do abandono e da evasão e, aumento da taxa de aprovação que em 2019 foi de 98,83%. “Transformamos nossas salas de aula em ambientes onde é possível vislumbrar como o componente curricular está sendo trabalhado. Percebemos que, com esse método, o aluno fica mais atento e o professor tem a chance de deixar a sala com ‘a cara’ da sua disciplina. Além disso, eles ficam mais próximos e interagem mais”, relata Koch, salientando que o projeto foi minuciosamente pensando desde 2017, quando foram visitadas escolas de outras cidades para buscar referências da nova metodologia.

Como funciona

Os alunos fazem de três a quatro trocas, dependendo na série. E todo o processo leva cerca de um minuto e quinze segundos. Cada espaço desses atende a um fim educacional específico, como geografia, história, matemática, entre outras disciplinas. O foco é promover o debate sobre o tema e a troca de experiências além de tornar mais interessante o processo de ensino-aprendizagem para alunos e professores. O laboratório temático permite uma aula que não se paute apenas no conteúdo, mas no desenvolvimento de competências. “Como a comunicação, o saber ouvir, se posicionar em relação a alguma opinião diferente da sua, entre outras”, detalha.

O planejamento semanal dos professores é realizado de modo que as salas possam ser aproveitadas da melhor forma possível, havendo sempre um revezamento das turmas. As salas contam com jogos, livros e painéis, entre outras ferramentas, muitas delas confeccionados pelos próprios alunos. “Gostamos muito das aulas nesses espaços, é um ambiente que nos aproxima mais do conteúdo, contribui para a formação do nosso conhecimento”, ressaltou Anderson Borges, 14 anos, aluno do 9º ano do ensino fundamental.

Para Nicole Alves, 13 anos, também aluna do 9º ano, a metodologia aproxima os alunos dos conteúdos trabalhados em sala de aula. “Os laboratórios estimulam, o desenvolvimento e o envolvimento de todos com as disciplinas, tanto dos alunos com os professores que sempre estão trazendo coisas novas. E eu senti um resultado na aprendizagem bem maior”, destacou.

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