Escola do Sapateiro retoma atividades e forma a primeira turma

Joceline Silveira/AG

Que Campo Bom é conhecida internacionalmente por sua história pioneira no setor calçadista não é novidade. Porém, a boa notícia é que, mesmo com o passar dos anos, a vocação do município é mantida por meio de esforços locais. Um deles é o projeto social Escola do Sapateiro, promovido pelo Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom com o auxílio de empresários do setor. A iniciativa é voltada para mulheres desempregadas, mas, todos os interessados são bem-vindos.

O projeto, que era desenvolvido desde 2001 teve que encerrar suas atividades por falta de recursos financeiros e parceiros dispostos a apostar na qualificação profissional. Mas, com a ajuda de voluntários a Escola reabriu no mês de junho e na última quarta-feira, 14, formou sua primeira turma depois de dois anos. “Para nós é uma grande vitória, depois de muito esforço conseguimos reabrir a escola, e hoje, ver essas mulheres prontas e qualificadas para se recolocarem no mercado de trabalho nos mostra que estamos no caminho certo”, comentou o coordenador do curso, Tiago Souza.

Um dos diferencias desta edição do curso foram as novas possibilidades apresentadas às alunas. Anteriormente a qualificação era focada apenas na costura do calçado, neste ano o projeto deu asas à criatividade das participantes. Além dos conceitos básicos que a técnica exige, elas aprenderam a fazer mochilas, bolsas, carteiras e necessaires. Tudo através da reutilização de materiais.

EMPODERAMENTO FEMININO

As aulas gratuitas do curso profissionalizante de 100 horas foram criadas com metodologia específica para promover a formação educacional, profissional e cidadã de mulheres desempregadas, a iniciativa também promove o empoderamento feminino. A ação tem dado tão certo que as alunas já apostam até no empreendedorismo. “Esse curso representa o sonho de muitas mulheres, que agora podem dizer que tem uma profissão, elas são costureiras profissionais, e mais, representa que por meio da união, da parceria e do diálogo, nós podemos conseguir tudo”, revelou a instrutora de costura voluntária, Nádia Oliveira.

O trabalho com a autoestima das mulheres, aliás, é uma das principais premissas da Escola do Sapateiro. “É um ganho duplo, porque elas não recebem só qualificação profissional de qualidade, mas principalmente, em razão da metodologia do programa, refletem sobre si mesmas e sobre o empoderamento feminino, o que propicia fortemente que elas assumam um papel mais emancipado na sociedade”, ressalta Souza.

Mercado de trabalho

Uma profissão muito antiga e ainda bastante valorizada é a da costureira. Campo Bom é considerada um dos polos do setor, com diversas empresas atuando apenas na costura do calçado.

Empreender

A moradora do bairro Renascer, Thais Caroline Medeiros, 26 anos, se organiza para criar uma pequena fábrica nos próximos meses. “Comecei as aulas querendo abrir meu negócio próprio. Quero produzir e vender minhas mochilas e bolsas, com a minha marca e meus modelos. O curso me incentivou muito, porque aqui temos uma troca de experiências incrível”, conta a jovem, ressaltando que já tinha se inscrito no curso anos atrás, mas havia desistido. “Nunca tinha costurado na vida, então achei que não iria aprender ou seria muito difícil, engano meu. Agora sou costureira e empreendedora”, conclui.

Assim como Thais, Rosangela Brombila, 47 também não tinha experiencia com as linhas, agulhas e o couro. Para ela, o aprendizado no curso servirá para dar início a um novo rumo profissional. Ambição e disposição não faltam a Rosangela. “Minha ideia é levar esse conhecimento para fora. Ensinar outras pessoas, talvez fazer trabalho voluntário em ONGs, ainda não sei bem. Eu não tinha experiência nessa área, então, vai ser uma nova ocupação, pelo prazer de fazer o que eu gosto”, avalia.

Parceiros

A Escola do Sapateiro está precisando de parceiros que ajudem no projeto, seja na matéria prima; na manutenção dos maquinários e até mesmo em recursos financeiros para ajudar os instrutores e na aquisição de mais apetrechos para o trabalho. Quem quiser contribuir pode ligar para o telefone do Sindicato: 35972444, com Tiago.

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