Entenda como os novos rótulos nos alimentos podem melhorar a saúde da população

A nutricionista campo-bonense, Luiza Cunha Pioner, aprofunda o debate sobre essa questão

Por Giordanna Vallejos

Ao olhar pelas prateleiras dos mercados, é possível que você já tenha se deparado com um rótulo chamativo em alguns produtos escrito: alto em açúcar adicionado, gordura saturada e sódio. Essa nova rotulagem está sendo aderida aos poucos, e serve como um alerta aos consumidores para escolhas mais conscientes na alimentação.

Conforme a nutricionista Luiza Cunha Pioner, a nova rotulagem nutricional está estabelecida na Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº 429 e Instrução Normativa nº 75, publicadas em outubro de 2020, mas entrou de fato em vigor no dia 09 de outubro de 2022. Ela já era um projeto extremamente antigo, defendido por todos os profissionais da área da saúde em relação à alimentação.

Luiza explica que o grande objetivo dessas novas normas para produtos industrializados é melhorar a clareza e legibilidade dos rótulos dos alimentos e com isso auxiliar o consumidor a fazer escolhas alimentares mais conscientes. Uma das maiores inovações é conter no rótulo a informação do “ALTO EM”. O nome dessa rotulagem é “FOP” (front-of-pack labelling), que já existe em mais de 40 países.

Segundo a nutricionista, essa informação vem na mesma ideia do cigarro, informando que o produto é alto em alguns componentes, e com isso o consumidor entende que o consumo deve ser reduzido. Essa informação é obrigatória para o alto teor de três nutrientes: açúcares adicionados, gordura saturada e sódio. Confira a entrevista exclusiva com a nutricionista sobre o tema.

A Gazeta – Por que apenas poucos alimentos têm essa rotulagem?
Luiza Cunha Pioner –
Como as normas ainda são novas, os produtores ainda possuem prazo para readaptar todos os rótulos. Isso porque em grande escala de produção, os rótulos, as embalagens e as impressões, são feitas com muita antecedência a fim de melhorar custos, por isso, todos os alimentos possuem o prazo de um ano para se readaptar, ou seja, até 09 de outubro de 2023, veremos todos os produtos com essa nova rotulagem.

AG – Qual a importância disso para o consumidor?
Luiza –
Essa rotulagem deixa as informações mais claras na embalagem, o que vai facilitar a compreensão das informações por qualquer tipo de comprador. Hoje, na prática, temos rótulos extremamente pequenos, tabelas que ficam escondidas, letras miúdas. Sem a informação nutricional bem declarada, o comprador está sujeito a comprar algo que não é nutricionalmente interessante ou até mesmo que passar despercebido em algum ingrediente. A ideia é facilitar a vida de todos os compradores, para que todos os níveis sociais entendam o rótulo e possam ter senso crítico na hora de escolher.

AG – Quando a pessoa estiver comprando e ver essa indicação, a compra ainda é recomendada?
Luiza –
A ideia dessa rotulagem é isso mesmo, se questionar se a compra ainda é válida ou não. Para uma pessoa com hipertensão, ao pegar um rótulo de biscoito e perceber que é alto em sódio logo de cara, já faz com que a pessoa repense o consumo do produto. A minha orientação é sempre baseada em recomendações dos maiores órgãos de saúde do mundo, e por isso, a minha indicação é evitar ao máximo o produto com um ingrediente do qual seu corpo não tolera. É importante lembrar que o rótulo não é um impeditivo de compra, mas sim, um facilitador e auxiliador na hora da escolha.

AG – Você acha que essa indicação incentivará a indústria alimentícia a reduzir o açúcar e gordura em seus produtos?
Luiza –
A indústria já vem melhorando e muito seus produtos, porém agora isso vai acelerar ainda mais o processo. Imagina ter seu rótulo escrito de forma bem grande “ALTO EM…”, isso é um impacto grande na compra e se não tem ninguém comprando, não tem receita e se não tem receita, a empresa tende a fechar, ou seja, é toda uma cadeia de mudança. Portanto, a indústria vai se obrigar a repensar as suas fórmulas para se manter no mercado e isso vai trazer benefícios para a população.

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