Depois de tragédia no Lauro Reus, 21 pacientes intubados naquele dia, vieram a óbito

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Cássios Schaab/CMVCB

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Campo Bom, que apura os fatos ocorridos no Hospital Lauro Réus em 19 de março, quando seis pacientes vieram a óbito após uma possível falha no sistema de distribuição de oxigênio, chegou a 50 dias de trabalho. Neste período, as atividades foram amplamente divulgadas, apenas os depoimentos mantidos em sigilo. “Foram importantes deliberações desde que começamos a nos reunir. Tanto os depoimentos, como a análise dos documentos e a visita in loco no hospital, foram importantes para as conclusões que serão apresentadas no relatório”, informa o presidente da CPI Jerri Moraes.

Em relação ao relatório, o vereador destaca que a data de conclusão, para envio ao plenário. “Vamos realizar novas oitivas e seguimos analisando documentos, por isso ainda não é possível determinar quando vamos encerrar, mas será dentro do prazo regimental”, complementa Jerri.

Instalada em 22 de março, a CPI tem prazo regimental de 90 dias após a instalação para ser finalizada.

CONFIRA, NA ÍNTEGRA, O QUE DIZ O RESUMO

A Comissão Parlamentar de Inquérito 01/2021 foi instaurada em 22 de março de 2021 e seus membros foram instituídos em 29 de março; ambos requerimentos foram aprovados de forma unânime pelo plenário da Câmara de Vereadores de Campo Bom. Em seu princípio, todos os vereadores faziam parte, sendo que durante o andamento da mesma, os vereadores Jair Wingert e Celso Rodrigues solicitaram o desligamento e o vereador Milton Wust foi desligado por motivos de saúde, fato que o impediu de acompanhar os trabalhos.

A CPI em questão visa esclarecer o ocorrido nas dependências do Hospital Dr. Lauro Réus, na manhã do dia 19 de março, quando ocorreu uma suposta pane no sistema de oxigênio e 06 pacientes vieram a óbito.   

Foram solicitados documentos ao Hospital Dr, Lauro Réus, empresa Air Liquide e Secretaria Municipal de Saúde. As dependências do Hospital foram visitadas, mais especificamente o sistema de abastecimento e distribuição de oxigênio. Ainda foi realizada visita ao Delegado de Polícia e está agendada visita ao Secretário de Saúde. Até o momento, foram ouvidas 16 testemunhas, entre elas profissionais do Hospital Lauro Réus, da empresa Air Liquide, da Associação Beneficente São Miguel e do executivo Municipal; ainda há previsão de pelo menos mais duas oitivas.

Em conformidade com os as provas e depoimentos colhidos, até o momento foi possível apurar que:

Conforme ficou evidenciado, o abastecimento deveria ser controlado por sistema de telemetria, com leitura remota, na qual a empresa Air Liquide, de acordo com a média de consumo e quantidade de oxigênio disponível, teria que programar as recargas necessárias. Mesmo assim, o Hospital Lauro Réus fazia o controle do percentual disponível e avisou, no final da tarde do dia 18, que os níveis estavam críticos. Quanto ao plano de contingência, que são as duas baterias reservas, estas até então nunca tinham sido acionadas. A primeira bateria fez seu papel, entrando automaticamente, porém a segunda precisou ser acionada manualmente e ter seu controle de pressão regulado, fato que foi possível apenas quando um ex funcionário do hospital chegou ao local, pois não havia profissional da manutenção habilitado no momento.

A CPI 01/2021 segue fazendo um trabalho técnico e eficiente e reitera a necessidade do sigilo dos depoimentos colhidos até o momento, exclusivamente na intenção de não intervir nas demais investigações que vem ocorrendo. Salientamos que somos solidários a família das vitimas e devido a este fato, estamos nos empenhado ao máximo para chegarmos a real situação ocorrida naquela triste manhã, na qual, com certeza, ocorreram uma sucessão de erros.

Campo Bom, 14 de maio de 2021.

Vereadores: Jerri Moraes, Sandra Orth, Adilson de Oliveira, Gênifer Êngers, Jéferson Nunes, Victor Souza, Alexandre Hoffmeister e Kayanne Braga.

Saiba mais

Conforme previsto no regimento interno da Câmara de Vereadores em seu artigo 54, as Comissões de Inquérito, deverão ouvir os acusados e poderão determinar diligências, inquirir testemunhas, requisitar informações, requerer a convocação de Secretários Municipais ou equivalentes, e praticar os atos indispensáveis para o esclarecimento dos fatos. A Comissão de Inquérito não poderá ter objetivos difusos, indeterminados, nem o de pretender uma devassa no Poder Executivo ou Legislativo. Os resultados dos trabalhos da Comissão de Inquérito constarão de relatório, propugnando pelo seu arquivamento, ou indicando o procedimento a ser adotado. Se a conclusão for pela edição de Projeto de Resolução, este será enviado ao Plenário com o resultado das investigações e o relatório. Ainda segundo o regimento, no mesmo artigo, será aplicado subsidiariamente às Comissões de Inquérito, no que couber, a norma da Legislação Civil e Penal. Caso tenha havido prática de delito penal, será encaminhado ao Ministério Público cópias do processo.

Entenda o caso

Na manhã da sexta-feira, 19 de março, problemas no sistema de abastecimento de oxigênio do Hospital Lauro Reus ocasionaram a falta do suprimento em diversos setores da casa de saúde e teriam sido um dos fatores que ocasionaram o óbito de seis pacientes que estavam internados em tratamento contra a covid-19. Conforme nota técnica divulgada pelo hospital, no período entre 08h10 e 08h40 da sexta-feira -26 pacientes estavam em ventilação mecânica na UTI e Emergência. Ainda segundo o informativo, não houve, em momento algum, falta de oxigênio aos pacientes, devido à rápida ação da equipe assistencial, que acionou imediatamente o Plano de Contingência – em decorrência de uma instabilidade na rede central de distribuição de oxigênio (O²) que durou aproximadamente 30 min.

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