Cultivo urbano ganha popularidade e cada vez mais adeptos em Campo Bom

Angélica Spengler/AG

Desde 2017 os resíduos orgânicos em Campo Bom têm destino certo, a Av. Bibiano Trott, esquina Av. dos Estados no bairro Meztler. Criado em 2008, o Floração Hortas Urbanas começou recebendo resíduos recicláveis que eram reutilizados e trocados por flores, hoje os resíduos são trocados por mudas de hortaliças, chás e temperos “Em 2017 o projeto foi reformulado, pois fizemos um diagnóstico e percebemos que o nosso grande problema no município era o lixo orgânico. Cerca de 57% do material que chegava até a Central de Reciclagem era orgânico”, explica o secretário de Meio Ambiente de Campo Bom, João Flávio da Rosa.

O objetivo é, ao mesmo tempo, diminuir a quantidade de lixo gerado, transformar resíduos orgânicos em adubo e ainda estimular a produção de compostagem doméstica e o plantio de hortas urbanas. “A ideia é que cada um tenha sua horta em casa e que produza sua própria compostagem a partir dos ensinamentos que transmitimos”, explica.

De acordo com Rosa, são produzidas mensalmente no município 500 toneladas de resíduos orgânicos com potencial de ser compostado. “Grande parte deste material era perdido, pois se misturava com outros tipos de rejeito o que gerava um gasto de cerca de R$ 80 mil por mês com a destinação para o aterro sanitário em São Leopoldo”, revela.

Atualmente o dejeto que é encaminhado para a sede do Floração é transformado em adubo e usado na produção de mudas de flores e chás que seguem para escolas e unidades básicas de saúde para outros projetos do município. “Hoje cerca de 95% das escolas municipais já contam com uma horta para consumo na merenda escolar, além das UBS que estão trabalhando com a produção de chás medicinais”, comenta a bióloga Ananda Dalsotto.

As hortas urbanas despertam cada vez mais curiosidade e interesse. Entre os atrativos de cultivar o próprio alimento está o de saber a procedência e garantir a qualidade do produto que vai para sua mesa. “As pessoas estão preocupadas em conferir de perto aquilo que consomem, querem também participar da produção, do manejo. É uma tendência em crescimento, inclusive em pequenos espaços, incluindo apartamentos”, comenta a bióloga que coordena também os cursos de compostagem ministrados na sede do projeto.

O verde tomando conta da cidade

E não são só belas e apetitosas as verduras e legumes que são cultivados nas hortas urbanas de Campo Bom. O convívio social e a coletividade também são resgatados, afirma o confeiteiro Cláudio Simi que há dois anos visita semanalmente a sede do Floração. “Aqui também nasceram relações de amizade, todo mundo se conhece e se trata como amigo. Sem falar no contato com a terra que tem efeito terapêutico para mim, além de resgatar o contato com a natureza, perdida na correria do dia a dia”, revela Simi que cultiva hortaliças.
Para a psicóloga Rute Prestes, as pessoas estão acostumadas a se locomover somente sobre o asfalto, com concreto por todos lados, que por vezes passam a vida inteira sem se conectar com o verde e ter ciência de quê, a preservação ambiental é um trabalho de todos. “Como não tenho espaço em casa para ter uma horta venho aqui e destino corretamente os resíduos que contribuem para a produção das hortaliças. Sei que é um trabalho de formiguinha, mas aos pouquinhos chegamos lá”.

Projeto premiado

No mês de novembro o projeto foi o vencedor do 18º Prêmio Gestor Público na temática da edição, dedicada ao Meio Ambiente. A iniciativa foi selecionada entre 147 projetos inscritos por prefeituras do estado por ser considerada inovadora, promover melhorias na gestão pública e apresentar resultados positivos para a comunidade.

Como funciona o projeto

A troca pode ser feita na sede do Floração (Av. Bibiano Trott esquina Av. dos Estados, bairro Metzler) nas quartas-feiras das 9h às 11h e das 14h às 16h e também nos sábados das 9h às 11h. Cada porção de resíduos orgânicos, que pode ser entregue em baldes de 5 litros, pode ser trocadas por mudas de hortaliças, chás e temperos. Os resíduos orgânicos podem ser cascas de frutas, restos de hortaliças, erva mate usada, entre outros que podem ser compostados. Estes resíduos são pesados e registrados. Durante a troca também é explicado como proceder para produzir a compostagem em casa, como produzir sua própria composteira e como cultivar uma horta.

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