Com órtese e tênis que brilha, Suany quer desbravar o mundo

Angélica Spengler/AG

Menina de cinco anos nasceu com má formação nos pés e precisa de ajuda para andar e não sentir mais dor.

Em 21 de março de 2014 quando deu à luz a sua quarta filha, a dona de casa Edna Becker sentiu que algo estava errado. A demora dos médicos em levar a pequena Maria Suany Becker Ferreira para conhecer a mãe foi o primeiro sinal que uma longa jornada estava iniciando. Já na sala de recuperação após o parto cesariano, o obstetra foi ao encontro de Edna que estava aflita sem notícias. “Ele me perguntou se eu já sabia. Não entendi nada. Falei: sei do quê? Pode me explicar? Quero ver minha filha, onde ela está?”, relembra a parobeense. Enrolada da cabeça aos pés por uma pequena manta a bebê foi levada até o local por uma enfermeira. “Quando ela veio na minha direção se atrapalhou toda e deixou parte da manta se soltar e eu pude ver o porquê de tanto mistério”.

Embora tenha nascido saudável, Suany possui malformação congênita dos membros inferiores (pés e tíbia), incluindo a cintura pélvica. No pé direito a menina possui quatro dedos (um deles interno) e no esquerdo, o calcanhar não se desenvolveu e o membro sem ossos conta com apenas dois dedinhos. O diagnóstico médico aponta ainda alteração entre o comprimento das pernas – a esquerda é 4.5cm menor. “Eu tive uma gravidez normal até quando minha bolsa se rompeu. Mesmo assim, todos os exames que tinha feito até então haviam mostrado que minha filha estava muito saudável. Precisei de uma cesárea devido à posição que minha filha estava. Estava tudo bem no parto, até o momento em que não estava”, comenta Edna.

Segundo a mãe, a malformação ocorreu devido o bebê permanecer sentado sobre as penas durante toda gestação. “Foi a única explicação que os médicos encontram”.

Limites são ultrapassados diariamente

Contrariando expectativas de médicos, a menina que nasceu sem os dedos dos pés conseguiu ficar em pé aos 9 meses e andou antes de completar um ano e meio de vida, como todos os bebês. “A opção que me apresentaram era a amputação, desde o nascimento dela. Me falavam que minha filha nunca iria andar, que passaria a vida se arrastando no chão”, emociona-se a mãe que lutou por outra alternativa que não fosse a amputação.
Durante cinco anos a equipe médica que acompanhou Suany apontava que a retirada dos membros e a colocação de próteses era a melhor forma para a menina conseguir levar uma vida normal.

Mas limite é uma palavra que a menina risonha e de olhos brilhantes desconhece. Morando há seis meses no bairro Barrinha, ela realiza uma vez por semana fisioterapia na Apae de Campo Bom. “Depois de exames e avaliações chegamos à conclusão que a Suany precisa de uma órtese e uma palmilha para complementar seu tratamento. Hoje ela faz de tudo, mas sente muitas dores, com o uso destes equipamentos a qualidade de vida dela serão muito maiores”, explica a fisioterapeuta Patricia Velho Premaor, que acompanha o tratamento da criança desde que a família chegou ao município.

Aluna do Pré-2 da Emei Princesinha, ela corre, pula, dança, brinca. Como todas as crianças de cinco anos de idade.

Para Suany brincar sem dor

Tanto a órtese Suropodálica, para tornozelo e pé (semelhante a uma bota), como a palmilha em EVA com elevação do arco longitudinal e preenchimento dos metatarsos, para melhor adequação ao calçado serão fabricadas sob medida.

A família humilde do oleiro Marcos Roberto Ferreira e da dona de casa Edna não tem como arcar com as despesas para a aquisição dos equipamentos, que irá custar R$850,00. O casal, têm mais quatro filhos além de Suany, com idades entre 16 e um ano e vive com renda que o pai ganha trabalhando em uma olaria no bairro Barrinha.

De poucas palavras, mas muitos sorrisos, o rosto da menina se ilumina com a possiblidade de conseguir os equipamentos e finalmente se mover sem dores. “Com eles também vou poder usar tênis que brilha no escuro”, comenta a pequena.

Doações

Para arcar com os gastos, uma vaquinha virtual está disponível em: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-maria-suany-a-caminhar-e-brincar-sem-dor

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