Com caixas de leite, alunos montam casinhas para cães de rua

Foto: Joceline Silveira/AG

Com o frio que faz no inverno no Rio Grande do Sul, a ideia de uma turma do oitavo ano da EMEF Santos Dumont, pretende ajudar os cachorros de rua a se aquecerem. Desde o início deste ano os alunos passaram a transformar caixas de leite em uma arma contra as baixas temperaturas.

A estimativa apontada pelo Censo Animal realizado no último ano, é que existam, ao menos 1,5 mil animais abandonados em Campo Bom, expostos às condições climáticas desfavoráveis. De olho em oferecer mais conforto aos animais, as estudantes Maria Eduarda Sperafico, Fernanda Costa e Rafaela Kofahl, de 13 e 14 anos, respectivamente levaram a ideia de fazer casinhas para os cães de rua para dentro da sala de aula.

Há quatro meses, a ideia começava a ser testada para a Feira de Iniciação Científica da Escola, que ocorreu no último dia 5. Intitulada Lar Doce Lar, a proposta consiste na confecção de casinhas para cachorros, a partir de material reciclado. “Quando elas apresentaram a ideia começamos a pesquisar de quê forma e com quais materiais poderíamos confeccionar as casas. Depois de vários testes chegamos as placas feitas com caixinhas de leite”, explicou Vânia Nilson, professora coordenadora do projeto.

Dois itens eram levados em conta pelos estudantes: a abundância de embalagens descartadas e as características de composição, já que as seis camadas de materiais como o plástico e o alumínio servem como isolante. “Descobrimos que eles têm seis camadas. Dessas seis camadas, quatro são de plástico que evitam a água da chuva, e a outra é de alumínio. O alumínio é um excelente isolante térmico, reflete o calor. Então, no inverno, mantém a casa quentinha e, no verão, fresquinha”, explica a estudante Fernanda Costa sobre as caixas de leite, que também auxiliam a minimizar as altas temperaturas quando faz calor.

Como funciona

Com as caixas de leite limpas, é preciso abrir as quatro abas delas. Depois, recortar com tesoura na parte inferior e na superior. Em seguida, é preciso recortar na emenda que tem na parte de trás. Abrindo toda a caixinha, está feita a matéria-prima. Para a confecção das placas que compõe as moradias, os alunos utilizam o calor do ferro de passar roupas. “Nos primeiros testes utilizamos fita adesiva para fixar uma à outra, mas os resultados não foram satisfatórios pela aderência, durabilidade e custo benefício do material. Foi quando descobrimos que poderíamos “colar” com o ferro”, relembrou Maria Eduarda Sperafico, de 13 anos.

Após a “colagem” os alunos utilizam um molde, projetado e criado por eles para fazer o recorte das casinhas de 52cm x 52 cm que após finalizadas serão doadas à ONG Campo Bom pra Cachorro (C.B.C.).

Sustentabilidade e conscientização

Presentes em quase todos os lares e normalmente descartadas como lixo, as caixinhas irão, em breve fazer a diferença para animais de rua. Proposta que ganhou o apoio da C.B.C., que atua há mais de cinco anos na causa animal. “Além de melhorar as condições de vida dos animais e retirar do meio ambiente esse material que iria parar no lixo, acredito que o grande diferencial do projeto seja a conscientização dos alunos sobre a real situação dos animais, que, infelizmente vivem nas ruas. A cultura de bons tratos com os pets inicia na infância e com absoluta certeza eles irão disseminar esses hábitos e respeito com a família e os amigos”, observou Kayanne Braga, uma das fundadoras e presidente da C.B.C.

Sair da versão mobile