Campo Bom sob as estrelas: conheça o astrofotógrafo que captura galáxias da cidade

Carlos Schmitt, único astrofotógrafo da cidade, transforma o céu em galeria cósmica e tem foto publicada em revista nacional

Ele cresceu fascinado pelo espaço, montando lunetas com peças de brinquedo e decorando os nomes dos planetas. Décadas depois, Carlos Schmitt, hoje com 40 anos, casado e pai continua olhando para o céu, mas com muito mais precisão: através de um telescópio de alta performance que utiliza para registrar imagens de nebulosas, galáxias e cometas. De Campo Bom para o universo.

Por trás de registros deslumbrantes de cometas, galáxias e nebulosas, está o olhar atento de Carlos Schmitt, 40 anos, gerente de Tecnologia e Inovação, casado e pai de um filho. Morador de Campo Bom, ele se dedica à astrofotografia desde 2018, e já teve seu trabalho publicado na versão brasileira da renomada revista Scientific American.
A paixão pelas estrelas começou cedo, quando ainda criança ganhou do pai um brinquedo chamado Polyopticon, que permitia montar uma luneta. “Adorava observar a Lua e suas crateras. Também lia sobre buracos negros, gravidade e relatividade”, lembra. Décadas depois, decidiu comprar um telescópio usado e mergulhar de vez no universo da astrofotografia. “Depois de um ano e meio, investi mais pesado e adquiri o equipamento que uso até hoje.”
Carlos explica que astrofotografar exige muito mais do que apenas apontar a lente para o céu. Para capturar uma nebulosa publicada na Scientific American, por exemplo, foram necessárias 175 exposições de cinco minutos cada. “Enquanto uma foto comum leva frações de segundo, essa ficou com o obturador aberto por mais de 14 horas ao todo”, conta. Além disso, o telescópio precisa acompanhar o movimento das estrelas, tarefa feita por uma montagem motorizada, que se move lentamente para compensar a rotação da Terra.

Foto de uma nebulosa publicada na revista Scientific American Brasil


Apesar da poluição luminosa dificultar alguns registros, Carlos consegue produzir imagens impressionantes direto de Campo Bom. Entre elas, estão cliques do cometa Neowise em 2020, da conjunção entre Júpiter e Saturno no mesmo ano, da nebulosa da Águia em 2025 e até uma galáxia deformada, resultado de uma colisão cósmica. “Já fotografei até uma ‘nova’, explosão parcial de uma estrela, na galáxia de Andrômeda. Descobri ao revisar centenas de fotos.”
Uma das experiências mais marcantes foi identificar mais de 200 galáxias em um único pedaço de céu. “Era uma imagem de sete galáxias próximas. Após o processamento por um software, vieram à tona centenas. Pensar que cada uma abriga bilhões de estrelas, e que isso é só uma fração minúscula do universo, realmente emociona.”


Para ele, a astrofotografia é mais do que hobby. “É uma paixão solitária, feita muitas vezes durante madrugadas. Mas saber que alguns registros ajudam cientistas e ainda podem inspirar novas pessoas a olhar para o céu, faz tudo valer a pena.”
Carlos divulga seu trabalho no Instagram, pelo perfil:
@GauchoDeAntares, onde compartilha imagens feitas em Campo Bom e em outras regiões do Estado.

Registros 200 galáxias, um dos feitos mais impactantes na jornada do Carlos

Conjunção de Saturno e Júpiter, quando eles estiveram no seu ponto mais próximo, em 2020

Cometa Neowise 2020, avistado no céu de Campo Bom

Galáxia Centaurus A, localizada a cerca de 14 milhões de anos-luz de distância da terra

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