Através de oficinas de artesanato ela transformou a vida de dezenas de mulheres

Angélica Spengler/AG

“Campo Bom eternamente
Estarás no meu coração
Praças, parques de lazer
Tua cultura e educação.
Teus filhos que aqui nasceram
E também os de adoção
É com orgulho verdadeiro…”

Se você é campo-bonense, certamente não leu, mas cantou os versos acima. Trata-se de um trecho do hino do Campo Bom. Cidade quente, calorosa, referência quando o assunto é cultura e educação. Talvez, como diz o próprio hino, por ter sido construída pelos filhos que aqui nasceram e também os de adoção. Mas a força que se emana na população de pouco mais de 66.712 mil habitantes, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), ultrapassa as barreiras territoriais. Pessoas que se preocupam com as outras, pessoas que dedicaram suas vidas em ajudar o próximo, a lutar por uma causa. Neste 61º aniversário de Campo Bom o AG reuniu oito histórias, de oito campo-bonenses de coração, que aqui nasceram ou escolherem o município para viver. Vamos mostrar histórias reais de amor e dedicação, vamos falar do Orgulho da Nossa Gente.

Conheça Nádia Pezzi

Design feito à mão. Artesanato de alto valor agregado liderado e executado por mulheres empreendedoras e artesãs. Esses são os valiosos ingredientes que a oficineira Nadia Pezzi desenvolve há mais de 20 anos em Campo Bom. Um negócio social que ensina um ofício á mulheres de baixa renda. Tudo começou no ano de 1999, quando relutante Naná – como é carinhosamente conhecida- se mudou com o marido Luís Pezzi e o filho Igor para bairro Operária. Natural de São Francisco de Paula, a família morava há poucos meses em Sapiranga quando Luís resolveu investir em Campo Bom e a nova mudança seria necessária. “Eu não queria de jeito nenhum vir morar na Operária devido ao que as pessoas falavam; que era um muito bairro violento e sem estrutura. Boba fui eu, quando chegamos aqui me apaixonei por Campo Bom, pelas pessoas gentis e acolhedoras”, relembra. Ela sabia que alguma coisa precisava ser feita, decida a mudar a realidade do bairro a família Pezzi abriu as portas de casa para disponibilizar, incialmente, aulas de dança para as meninas do bairro. “Precisa fazer algo que envolvesse elas, para quê não ficassem na rua. Com havia trabalhado na FEBEM, já tinha prática no trabalho com jovens, e o projeto que começou na minha garagem com três gurias encerrou 20”, revela. Mas a contabilista por formação não parou por aí. Naná queria mais, queria incentivar mulheres a ter independência financeira, empreender e muda o rumo de suas vidas. “Infelizmente os casos de violência doméstica eram comuns, como se fosse um ciclo vicioso e para quebrá-lo seria necessário desenvolver uma possiblidade de renda para elas. Foi quando percebi que poderia oferecer oficinas de artesanato, coisas que sabia passei a ensinar”. A iniciativa deu certo, pois ela nunca parou de pesquisar, estudar e de acreditar no potencial das mulheres. Dezenas de campo-bonenses aprenderam uma profissão através das oficinas gratuitas da tia Naná (costura, bordado, customização de jeans, bolsas e tapetes) que encontrou na Associação comunitária Operaria Floresta Esperança (ACOFE) uma extensão do seu trabalho. À frente da entidade desenvolveu projetos para levar qualidade de vida aos moradores da localidade. “Campo Bom me recebeu de braços abertos e com muito carinho, o que faço é retribuir esse aconchego que encontrei aqui. Pra mim, morar em Campo Bom é felicidade”.

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