Apadrinhamento afetivo transforma vidas em Campo Bom

Giordanna Vallejos/AG

Saiba como ser padrinho da Casa de Passagem Querubim

Por Giordanna Vallejos

Conforme a madrinha Stela Maris Mayca, o programa de apadrinhamento afetivo existe em Campo Bom há 10 anos. Nele, os voluntários são padrinhos da Casa de Passagem Querubim, e não de uma criança específica. Dessa forma, o grupo de 36 pessoas, sendo destas 12 atuantes, faz uma rotatividade entre as crianças que estão no abrigo, proporcionando amor e afeto, especialmente em datas festivas, como aniversários, Natal e Páscoa, em que os pequenos passariam longe de suas famílias.

No final de cada mês, é realizado um passeio coletivo e no segundo final de semana do mês, um passeio individual. Nesses dias, padrinhos e afilhados compartilham momentos de carinho, como brincadeiras e vivências familiares, essenciais para o desenvolvimento infantil. Na casa de passagem, apesar das crianças assistidas terem tudo que precisam, existem muitas limitações e os padrinhos e madrinhas afetivos vem para complementar esse trabalho, no sentido emocional.

Segundo o padrinho Antonio Carlos Siqueira Barbosa, apesar do grupo realizar ações para angariar itens como de higiene pessoal e presentes em datas festivas, esse não é o foco do apadrinhamento. “Eu sou padrinho há oito anos e eu percebo que o apadrinhamento vai se adaptando, a primeira vez que pegamos os padrinhos davam presentes, com o tempo fomos conversando e vendo que esse não era o objetivo, pois o nosso foco é proporcionar a parte afetiva”.

A madrinha, Romilda Alves Machado, explica o simples motivo por que os padrinhos não focam em presentes ou passeios com grandes custos. “Uns têm mais condições e outros não têm”, disse ela. “Na essência, a ideia é que os padrinhos deem somente amor, pois alguns padrinhos podem ter condições de dar um presente e outros não”, complementa Anália Goreti da Silva. Portanto, caso uma pessoa deseje participar do apadrinhamento afetivo, não precisa ter condições financeiras, mas sim morais, de cuidar de uma criança durante os passeios e servir como uma referência para ela.

História do programa

O programa de apadrinhamento afetivo da Casa de Passagem Querubim começou com nove fundadores. Joelma Romano, ao caminhar em frente ao antigo abrigo, se sensibilizou com a imagem que viu, o que foi o início para toda a mudança social causada pelo projeto. “Eu caminhava sempre na ciclovia, quando o abrigo era perto da antiga Secretaria de Obras, todas as vezes que eu ia para o trabalho, via as crianças grudadas na cerca do abrigo e aquilo me emocionou”, explica ela.

Anália Goreti da Silva, relata que com isso, veio a ideia das famílias levarem as crianças para casa e se concluiu que essa ideia era o apadrinhamento afetivo. “O Amigos de Lucas já tinha essa programação em Porto Alegre, mas a deles é diferente, porque lá as famílias são padrinhos de uma criança, e veio a dúvida que os padrinhos iriam se apegar às crianças e as crianças aos padrinhos. Por isso, criamos os padrinhos da casa, que haveria uma rotatividade das crianças, que nenhum padrinho ou criança poderia escolher com quem iria. Com isso foi escrito um Estatuto, levado para a Câmara e Campo Bom era o primeiro município a ter um Estatuto do apadrinhamento afetivo aprovado, em que o município está autorizado a despender recursos”, explica.

Além disto, alguns voluntários, mesmo não sendo padrinhos, colaboram com o projeto.

Como participar

Para Stela, o importante é dar continuidade ao que começou no passado, pois uma nova geração de padrinhos e madrinhas engajados é necessária para dar sucessão ao projeto. Os interessados precisam morar em Campo Bom, ser maiores de idade e terem condições morais para participar, além de não estarem na fila de adoção.
Cumprindo os requisitos, podem entrar em contato direto com Stela pelo celular: (51) 99240-1020, que marcará uma entrevista e fará as orientações para ir ao fórum. Esses passos burocráticos são essenciais para manter a segurança das crianças no processo de apadrinhamento, que as acolhe em um momento sensível da vida.

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