Aos 80 anos, seu Antônio segue acumulando passos e histórias

Já imaginou, aos 80 anos, percorrer 4 mil km durante a pandemia? Pois o seu Antônio Martins Dos Reis correu exatos 4.355km na ciclovia de Campo Bom – equivalente a 102 maratonas -. O campo-bonense não de sangue, mas de coração (que inclusive já foi agraciado com título de cidadão de Campo Bom), percorreu, por exemplo, o suficiente para ir a pé daqui até a cidade de Machu Picchu, no Peru.

Com seu jeito brincalhão, cheio de histórias e memórias para compartilhar, o jovem há mais tempo conta que, aos 60 anos de idade, foi para a ciclovia da cidade caminhar e em pouco tempo estava dando passos maiores (e mais rápidos) e se aventurando em novas trilhas de competições. “Em 2001 eu voltei a praticar esportes de caminhada e corrida para melhorar a saúde”, relembra. “Eu fui para a ciclovia de Campo bom e comecei a caminhar e, logo, ‘trotar’. O ‘Tio Zé’ me descobriu e em seguida entrei para a Acorbom (Associação dos Corredores de Rua de Campo Bom)”.

Sem nem saber direito o que estava fazendo, ele arriscou e aceitou a proposta de ir viajar e correr com a Acorbom. “Nós íamos para Bento Gonçalves, Encantado, Lajeado. Em seguida eu comecei a ganhar provas de velocidade, ganhar mais destaque e decidi me juntar à Academia Movimente para melhorar a minha condição física”. Em sua primeira corrida de 10 km, realizada em Porto Alegre, teve estreia vitoriosa. Depois se manteve no pódio de sua categoria no Estado. Participou de diversas maratonas, de 10 km, 21 km, 42 km, 50 km…

No ano de 2009, ele entrou para a Ultramaratona – toda prova cujo percurso é superior aos 42,195 km da Maratona. De cara, foi convidado a correr 24h em Santa Maria, onde fez 129 km. “Fiquei emocionado pois foi a minha primeira vez. Gostei. Continuei”, expressa. Desde então, percorreu muitos e muitos quilômetros. Em 2011, em Santa Maria, seu Antônio realizou 175 km e conquistou o 3º lugar no mundial, na categoria 65 a 69 anos, e primeiro lugar na América do Sul. Em 2012, alcançou o 1º lugar no ranking mundial, na categoria 70 a 74 anos. Nos dois anos seguintes, seguiu em seu posto, no primeiro lugar do ranking. Hoje, já coleciona mais ou menos 300 prêmios, sete deles sendo recordes mundiais.

Entre tantas conquistas, troféus, medalhas e recordes, o ano das Olimpíadas do Rio, 2016, pode ser considerado um dos mais importantes na vida do ultramaratonista. Sendo realizada pela primeira vez na América do Sul, as Olimpíadas selecionaram 12 mil atletas para transportar a Tocha Olímpica. Em julho, seu Antônio foi um que teve a oportunidade única de transportar a Tocha Olímpica, na cidade de Encantado. Por 200 metros, o ultramaratonista foi o único a tocar nas chamas olímpicas. Por 200 metros, Antônio Martins dos Reis fez história – das diversas que já coleciona em seu baú particular.

Apesar de todas as conquistas, ele mantém a humildade. “Tenho muito orgulho de representar Campo Bom”, expressa o atleta. “E eu gostaria de agradecer à minha família, amigos, a Acorbom, ao Jornal A Gazeta, toda a gestão de Campo Bom, a Academia Movimente e a Puffer Palmilhas, que sempre apoiaram a minha jornada”.

Recordes Mundiais

Bicampeão Mundial 12 horas
2019 – 9.1 km – Macaé/RJ

Bicampeão Ultramaratona 12 horas
2015 – 105 km – Santa Maria/RS

Tricampeão Mundial Ultramaratona 24 horas
2012 – 187.6 km – Rio Grande/RS
2013 – 178 km – Santa Maria/RS
2014 – 170 km – Campinas/SP

Bicampeão Ultramaratona 48 horas
2013 – 252.8 km – Guarujá/SP
2014 – 244.8 km – Guarujá/SP

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