A série Biologia em Pauta, em parceria com a bióloga, Carolina Rangel – formada em licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), visa, especialmente, o ensino fundamental, atendido pelo programa AG Educa nas escolas de Campo Bom. Confira a seguir a sétima parte da série que abordará animais peçonhentos:
Animais considerados peçonhentos são aqueles animais que produzem toxinas chamadas de peçonha, geralmente utilizadas para caçar outros animais e como modo de defesa. Cobras, aranhas e escorpiões são muito temidos pois algumas espécies são famosas por causar acidentes em humanos. Porém, a maioria das espécies são inofensivas e todas desenvolvem papéis essenciais para a natureza. Mas, sim, existem algumas espécies que produzem toxinas perigosas para nós! Portanto, é necessário conhecê-las, para assim evitá-las. Mesmo os peçonhentos, vale ressaltar que os animais raramente atacam as pessoas e, geralmente acidentes ocorrem por descuido humano. Devemos ficar atentos e respeitá-los. Vamos conhecer alguns animais peçonhentos que ocorrem na região?
Escorpião-preto (Bothriurus bonariensis)
É o escorpião mais comum de se encontrar e ocorre em todo o Rio Grande do Sul, geralmente habitando locais escuros e úmidos. É um animal noturno que se alimenta principalmente de baratas, por isso são comuns em ambientes urbanos e interior de residências! Essa espécie possui peçonha no ferrão de sua cauda, porém é de baixa toxicidade e não é letal para nós. Assim, não apresenta perigo para as pessoas.
Escorpião-amarelo (Tityus serrulatus)
O escorpião-amarelo foi trazido para o nosso Estado através do transporte de madeira e frutas provenientes de outros locais do Brasil. Diferente do escorpião-preto, ele é menos comum de ser visto. Vive em locais escuros com pouca vegetação e pode habitar zonas urbanas. É considerado o escorpião mais perigoso da América do Sul! A peçonha do escorpião-amarelo está presente no ferrão de sua cauda e provoca muita dor, a qual se espalha pelo corpo e pode ocasionar náuseas, convulsões, coma e insuficiência cardíaca, principalmente em crianças e idosos.
Aranha-armadeira (Phoneutria sp.)
São aranhas grandes com pernas compridas. Sua coloração é marrom avermelhado com pequenos pontos brancos nas pernas. A aranha-armadeira não faz teia e é encontrada na vegetação, terrenos baldios, sob cascas de árvores, bananeiras e até dentro de casas. Ela é noturna, portanto, sai à noite para caçar insetos, dos quais se alimenta. Elas enxergam muito mal, porém são capazes de sentir vibrações no ar. Essas aranhas são famosas por serem agressivas e, quando ameaçadas, apoiam-se nas patas traseiras e levantam suas patas da frente em sinal de alerta! Por isso, o seu nome popular é “armadeira”. Sua picada ocasiona dor intensa e atendimento médico imediato é necessário.
Aranha-marrom (Loxosceles sp.)
A aranha-marrom não é grande e possui abdômen em formato de azeitona! Pode ser encontrada sob cascas de árvores e casas, em telhas, tijolos, madeiras e outros locais escuros. Ela é mais ativa a noite e constrói uma teia irregular, com aparência de “algodão esfiapado”. Se alimenta principalmente de insetos. Ela não é agressiva e sua picada ocorre somente quando comprimida com o corpo, causando pouca dor. Porém, após 12 a 24 horas pode ocorrer necrose no local da picada, com aparecimento de bolhas e escurecimento da pele.
Taturana (Lonomia obliqua)
É uma espécie de lagarta de mariposa que ocorre no sul do Brasil. Essas lagartas possuem cor marrom esverdeada e vivem aglomeradas e camufladas no tronco das árvores, principalmente de áreas florestadas. Elas também podem ser encontradas em árvores de zona rural e urbana. Possuem cerdas verdes urticantes no corpo, em formato de “pinheirinho” que as diferem das outras lagartas cabeludas. O contato com essas cerdas ocasiona dor e inchaço imediato, podendo causar hemorragia.
Como prevenir o encontro com esses animais: Evite o acúmulo de lixo, madeira, tijolos e outros materiais em sua residência que possam servir de esconderijo para eles. Verifique calçados e roupas antes de usá-los. Fique atento às frestas nas paredes, ralos e outros possíveis locais de abrigo para essas espécies. Se estiver andando na mata, preste atenção onde pisa e se apoia e sempre respeite os animais, afinal se eles tiverem oportunidade, sempre irão preferir fugir. Importante salientar que nunca devemos manusear um animal que não conhecemos direito, pois podemos nos machucar e também machucá-los.
DICA DA BIÓLOGA
Os animais peçonhentos são de grande interesse médico! Você sabia que o captopril, medicamento utilizado para tratamento de hipertensão arterial, é proveniente da peçonha da jararaca, cobra comum em nosso Estado? Que tal investigarmos quais outros medicamentos são produzidos através das substâncias de animais peçonhentos?